Bebel: estudo da Fiocruz mostra que é precipitada a volta às aulas

A deputada Professora Bebel tem se colocado totalmente contrária à volta às aulas – Crédito: Divulgação

A presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), deputada estadual Professora Bebel (PT),  destacou em suas redes sociais nesta semana estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para reforçar a tese que a entidade vem defendendo que é precipitada a volta às aulas em 8 de setembro, conforme anunciou o governador João Doria (PSDB), no início deste mês. Ressaltando que a Fiocruz  é uma das mais respeitadas instituições científicas do mundo e autoridade em epidemiologia no Brasil, Bebel mostra que estudo da entidade revela que retorno às aulas coloca em risco a vida de 9,3 milhões de pessoas.

De acordo com o material apresentado pela Professora Bebel, segundo as conclusões da Fiocruz, o cenário mais preocupante está no Estado de São Paulo, que tem maior número absoluto de cidadãos em risco. “De acordo com a Fiocruz, são mais de dois milhões de adultos e idosos que sofrem de condições crônicas e dividem o espaço com pessoas em idade escolar. Na sequência estão Minas Gerais, com 1 milhão de brasileiros nessa situação, Rio de Janeiro, onde o grupo chega a 600 mil pessoas e Bahia, com 570 mil. Proporcionalmente, o Rio Grande do Norte é o que possui a maior percentagem da população mais suscetível: o índice chega a 6,1% do total”, enfatiza.

Conforme com cálculos feitos a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a possibilidade de retorno das atividades escolares em meio à crise do coronavírus representa risco para 9,3 milhões de brasileiros. O número corresponde 4,4% da população total do país. A análise da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é baseada na quantidade de adultos e idosos com doenças crônicas e que vivem junto a crianças e adolescentes em idade escolar. São pessoas que fazem parte dos grupos mais suscetíveis à covid-19 e que estarão ainda mais expostas à doença.

Bebel enfatiza que os pesquisadores do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde a Ficoruz analisaram duas situações: os adultos com idade entre 18 e 59 anos que têm diabetes, doença do coração ou doença do pulmão, e os idosos, com 60 anos ou mais. Quase 3,9 milhões de pessoas do primeiro grupo vivem domicílios com pelo menos uma pessoa em idade escolar. Entre os idosos o risco é ainda mais preocupante: 5,4 milhões deles convivem com estudantes dentro de casa.

Diante disso, o estudo mostra que mesmo que continuem isolados, o retorno às aulas coloca esses grupos em contato direto com potenciais situações de contágio cotidianamente no próprio ambiente doméstico. “O alerta aumenta a partir da análise da vida social dos estudantes. Ainda que creches, escolas, faculdades e universidades implementem medidas rígidas, não há como garantir o controle nas ruas, no transporte público e na convivência diária com outras pessoas”, mostra o estudo.

Bebel também enfatiza que a posição do epidemiologista, Diego Xavier, que participou do estudo, de que uma parte considerável dos brasileiros em grupos de risco vinha conseguindo manter o distanciamento, mas que a  volta às aulas pode representar uma perigosa brecha nesse isolamento. Ela ainda diz que o pesquisador traz dados assustadores, ao revelar que no estudo que se apenas 10% dessa população de adultos com fatores de risco e idosos que vivem com crianças em idade escolar vierem a precisar de cuidados intensivos, isso representará cerca de 900 mil pessoas na fila das UTIs. Além disso, se for aplicada a taxa de letalidade brasileira nesse cenário, a volta às aulas no atual cenário pode provocar cerca de 35 mil novos óbitos, somente entre esses grupos de risco.

De acordo com Bebel, em  nota técnica a Fiocruz avalia que “a discussão sobre a retomada do ano letivo no país não segue um momento em que é clara a diminuição dos casos e óbitos e ainda apresenta um agravante, que é a desmobilização de recursos de saúde e o desmonte de alguns hospitais de campanha”.

 

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