Grandiosidade

Giuliano Pereira D’Abronzo

 

Há uma controvérsia que persiste polarizar as pessoas. De um lado encontram-se aquelas que seguem cultos religiosos e se apegam a textos religiosos para apoiarem seus discursos. De outro lado há a corrente que prefere buscar, através de estudos e observações, a comprovação de algo, é a chamada classe científica.

Pois bem, nesse embate surge a pergunta, quem está certo ou errado?

Difícil responder, pois cada qual tenderá para o lado que se identifica mais. No entanto, é possível encontrar um consenso acerca da existência da divindade? Ou será que não, que é impossível buscar elementos que façam ambos os grupos ao menos se respeitarem.

Primeiramente, em relação a quem diz acreditar em Deus, será que suas palavras espelham seus atos? Ou será que é um mero repetidor de frases sem entender o significado das palavras, das letras, da pausa entre as palavras, do silêncio que há entre elas? Ou será que são capazes de manter sua crença quando colocados em xeque?

Já o outro grupo, dos que acreditam em fatos, será que são capazes de se aterem aos fatos quando eles se fazem presentes? Ou será que buscarão mais argumentos para tentar justificar o que acreditam? Observem bem, há aqui uma palavra importante, acreditar, pois em ambos os casos, há a crença de que um ou outro dos argumentos está certo em detrimento do outro.

Para ambas as correntes, é necessário observar que, por vezes, haverá alguma incompletude para explicar algo. Não significa que esse algo deixa de ter existência ou tem sua existência diminuída. Na verdade, falta ao ser humano ampliar sua capacidade de compreensão.

Vamos dar dois exemplos, um de cada lado.

Os religiosos apegam-se a palavras, termos, rituais. Se algo não estiver no texto religioso, então não tem valor. Alguns até são excelentes repetidores. Repetem o texto ipsis litteris. Mas qual é o sentido disso? Demonstrar que têm boa memória? Aliás, está no Novo Testamento, em carta escrita por Paulo de Tarso para a comunidade cristã de Corintos, ainda “Se eu falasse a língua dos homens e as dos anjos, mas não tivesse amor, eu seria como um bronze que soa ou um címbalo que retine.” Aí está, pois algo a se pensar. Repetir rituais e expressões, é ser cristão?

Por outro lado, determinados cientistas dizem-se contra a crença religiosa porque ela cheia de dogmas e que a natureza tende a dar explicações mais lógicas à medida que se aventura no caminho de desvendá-la. Ora, já pararam para ver a realidade do número π (Pi) ou a do número φ (Fi)? É preciso ter muita coincidência para esses números… Mas não paremos por aí. Como dizer das forças que regem a física, ou das forças que servem para a manutenção do átomo tal qual o conhecemos? E as partículas subatômicas? Ou a imensidão de espaço dentro de um átomo? Ou a reação química que forma a água? Muitas, muitas questões que mostram que há uma afinação, um objetivo, tudo determinado para a existência da vida. E se há vontade, há quem a imaginou. Deem o nome que quiserem.

Na verdade, talvez a grande questão desses cientistas é verem a grandiosidade de tudo isso e não conceberem a visão de Deus que algumas religiões dão, Deus vingativo, rancoroso, dentre outras coisas. É possível. No entanto, é possível que Deus manifeste-se de muitas maneiras, para aqueles que necessitam adentrar em seus mistérios e para aqueles que ainda não se colocaram nessa situação.

O que é preciso, no entanto, é deixar os extremos, e isso cabe a ambos os grupos. É reconhecer que há intenção no universo, ainda que a ciência possa adentrar em mais mistérios, sempre ficará claro que a delicadeza como tudo foi feito, demonstra a existência de um Criador. Por outro lado, é preciso entender que Deus se expressa de muitas maneiras, desde a pobreza da linguagem escrita, até a sutileza dos elementos da natureza.

E para ambos, é preciso lembrar novamente aquelas palavras de Paulo, de nada adianta se não houver amor.

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Giuliano Pereira D’Abronzo, Bacharel em Direito, servidor público federal

 

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