No último sábado (25), o hall de entrada do Teatro Erotides de Campos, no Engenho Central, foi palco da 7ª edição do Ato Memorial às Vítimas do Holocausto, promovido pela Associação Memorial Amigos de Sião (AMAMOS), braço local do World Jewish Congress. O evento reuniu mais de 100 pessoas e marcou os 80 anos de libertação do Campo de Concentração de Auschwitz, na Polônia, prestando homenagem às vítimas do nazismo e celebrando a vida dos sobreviventes.
A cerimônia foi marcada pela participação de diversas entidades. Estiveram a Pastoral Afro, que tem desempenhado um papel significativo no combate à discriminação racial, a Academia Piracicabana de Letras, representando a importância da preservação da memória histórica, e membros da comunidade judaica local, reforçando a relevância do evento para diferentes setores da sociedade. A presença desses grupos demonstrou a união de diversas vozes em torno da lembrança das vítimas do Holocausto, fortalecendo a mensagem de respeito à diversidade e aos direitos humanos. Além disso, a cobertura do evento foi amplamente feita por representantes de vários veículos de imprensa, o que garantiu uma grande repercussão.
Entre os momentos mais emocionantes, os monólogos de Anne Frank, interpretados pelas atrizes da Cia Teatral Kadimah, levaram o público às lágrimas, trazendo à tona a vivência de uma jovem que, através de seus escritos, simboliza a resistência e a luta contra a opressão. O depoimento de Joshua Strul, sobrevivente do Holocausto e convidado especial da cerimônia, impactou profundamente a plateia. Aos 91 anos, Strul compartilhou detalhes de sua sobrevivência e jornada após a guerra, transmitindo uma mensagem poderosa de superação e resiliência. Além disso, ele acendeu a sétima vela, dedicada aos perseguidos religiosos, uma das categorias vitimadas pelo regime nazista.
Organizado pelo jornalista Mauricio Ribeiro desde sua primeira edição, em 2019, o Ato Memorial tem o apoio da Prefeitura de Piracicaba, por meio da Secretaria Municipal da Ação Cultural (SEMAC). A presença do secretário de cultura, Carlos Beltrame, foi registrada, como também de representantes de diversas instituições; além de personalidades políticas e lideranças de movimentos sociais e culturais que integraram a plateia do evento. Na concepção de Ribeiro, “o prestígio da sociedade civil valoriza a preservação da memória histórica e o combate ao negacionismo, ao antissemitismo e a toda forma de preconceito”.
A cerimônia foi transmitida ao vivo pela Metropolitana TV, permitindo que um público ainda maior pudesse acompanhar o evento na íntegra. A gravação da transmissão está disponível no canal oficial da emissora no YouTube, proporcionando acesso contínuo ao conteúdo e à mensagem transmitida durante o Ato Memorial. Ponto alto do encontro, após o acendimento das sete velas memoriais, a deposição de pedras aos pés da Menorah envolveu toda a audiência presente, repetindo um ato de respeito que se repete nos funerais de rito judaico. O gesto ficou popularizado na cena final do filme “A Lista de Schindler”, onde uma fila com centenas de sobreviventes e seus familiares prestam tributo sobre a sepultura do empresário alemão que desafiou o nazismo para salvar muitos judeus.
Para Mauricio Ribeiro, coordenador do evento, o principal objetivo é assegurar que as histórias dos sobreviventes do Holocausto continuem sendo contadas às gerações futuras. “Preservar essa memória é uma responsabilidade nossa. Devemos garantir que tragédias como o Holocausto jamais sejam esquecidas, para que nunca mais se repitam”, enfatizou.