Cooperativismo em meio à pandemia

Cláudio Zambello

 

Ao comemorarmos o dia internacional do cooperativismo, lembrado neste 4 de julho, notamos que a lição dada pela pandemia do corona vírus tem muito a demonstrar para o ser humano. O principal ensinamento é a intercooperação, considerado o sexto princípio cooperativista. Intercooperação é a ajuda mútua, é a formação de alianças ou a realização de ações conjuntas, com o objetivo de todos saírem mais fortalecidos. Isso estamos vendo não apenas no Brasil, mas em todo o planeta, pois grande maioria da população se uniu para confinar em seu lar, continuou a trabalhar modalidade home office, passou a usar máscara de proteção facial para se proteger e evitar contágios, entre tantas outras situações. Houve a intercooperação no fortalecimento junto ao negócio local, dando uma sobrevida ao empresariado de sua cidade. Houve o incremento no sistema delivery, seja de alimentação, produtos e serviços. Intercooperação é um ajudar ao outro.

Outra situação com a qual estamos lidando é a utilização de hospitais, principal centro de atenção à saúde neste período. No caso de Piracicaba, dois deles possuem ligações com cooperativas, dando-nos o respaldo na situação pandêmica pela qual passamos, confortando suspeitos, os positivados e seus familiares. Todos – médicos, enfermeiros, copeiros, auxiliares … – tornaram-se nossos anjos da guarda do dia para a noite com a alcunha de super-heróis, isso, se já não eram antes. São socorristas que se expõem diante de tão temido e desconhecido vírus. O mesmo ocorre em muitas cidades interioranas e metropolitanas cujos hospitais são administrados por sistemas cooperativistas.

Foi necessário invocar, mais uma vez o quinto princípio cooperativista o qual prega educação e informação. Diante de um inimigo invisível, tivemos de nos munir de armas para combatê-lo: álcool gel, luvas, máscaras faciais, EPIs e tudo mais que a partir de agora passa a fazer parte de nossa rotina. O desinfetante ou a água sanitária sempre foram itens comuns em nossas residências, porém, agora, são mais utilizados e de forma muito mais consciente.

Houve a necessidade da reeducação seja de nós cooperativistas como também de todos em geral. Para nós, profissionais da odontologia, tivemos de seguir normas universais e protocolos de biossegurança determinados por entidades como a OMS ou ANVISA. Não que isso já não estivesse em prática, mas seu uso e costume necessitaram de atenção mais que redobrada, com constante higienização do ambiente de trabalho, educação do paciente para evitar aglomeração na sala de espera, entre outros itens.

Quando definido no início do ano, muito antes da pandemia ter se instalada, o tema do dia internacional do cooperativismo de 2020 pregava preocupações e ações das cooperativas ante à ação climática, fazendo de nós, cooperativistas, propagadores e responsáveis em cobrar ações públicas e privadas contra a mudança do clima. Dados atuais, mostram que a situação coloca em risco a vida e sua subsistência, e com isso, interrupção de ecossistemas vitais. Os dados são mais alarmantes quando vemos que a emissão de gases que provocam o efeito estufa é 50% maior que 20 anos atrás. Com isso, o aquecimento global está provocando danos duradouros com poucos efeitos reversíveis.

Em época de epidemia e distanciamento, o aperto de mão, símbolo que fortifica a união e o cooperativismo, entra num stand by. O cumprimento cooperativista em 2020 passa a ser virtual, ou no máximo, com toque de cotovelos.

Como encerramento, vale lembrar que o convívio social pode estar comprometido neste momento. Mas, ele é passageiro. Tudo vai melhorar. O presente serve de ensinamento para saber como enfrentar o futuro e unidos, sairemos desta fase, mais uma vez fortalecidos e, daí sim, de mãos unidas!

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Cláudio Zambello, cirurgião-dentista, presidente da Uniodonto Piracicaba e Credsaúde, cooperativista desde sempre

 

 

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