Adelino Francisco de Oliveira
O tema “um outro IFSP é possível!” inspirou e mobilizou nossa campanha à reitoria do Instituto Federal de São Paulo. Foi uma campanha realmente incrível, um verdadeiro aprendizado sobre a densidade e capilaridade dos campi do IFSP. No decurso da campanha itinerante, percorremos, de carro, cerca de oito mil quilômetros pelo Estado de São Paulo, apresentando e defendendo nosso projeto de reconstrução do IFSP em bases participativas e democráticas. Inegavelmente, a campanha trouxe uma importante expertise sobre a real situação do nosso Instituto Federal, possibilitando conhecer bem de perto suas potencialidades e também seus múltiplos desafios e demandas.
O Instituto Federal de São Paulo configura-se como a mais importante política pública do governo federal no campo da educação. Cada câmpus, geograficamente situado em um território específico do Estado, guarda suas dinâmicas e características próprias, demarcando um contesto de complexa capilaridade. A inserção na realidade local, sempre localizado nas franjas das cidades, é uma das dimensões de força dessa instituição pública de ensino, revelando um aspecto fundamental de sua concepção político-pedagógica original.
Dentre tantas experiências intensas e gratificantes aprendizados construídos e acumulados no decurso do processo da campanha eleitoral para a reitoria, talvez as relações humanas e o compartilhamento de um sonho (utópico?) para o IFSP seja o que mais merece relevo, ao menos em um primeiro momento. Quase indescritível a alegria de perceber a presença de tantas pessoas interessantes, imbuídas de uma perspectiva ética e comprometidas com a construção de uma educação emancipadora. Na campanha, fazendo-nos presentes nos campi do IFSP, pudemos nos deparar com autênticos educadores, no sentido mais elevado e genuíno do termo. Os servidores e servidoras, em sua plena diversidade, compõem a grande força e também beleza do IFSP.
Foi mesmo gratificante conhecer bem de perto a potência e generosidade de estudantes, servidoras e servidores, que atuam nos mais diversos campi do IFSP. Consolidou-se então a convicção de que há uma maioria – somos a maioria! –, fazendo a diferença nos campi, criando, compartilhando, convivendo, produzindo arte e ciência, em uma dinâmica viva e multifacetada, na articulação mais genuína e também lúdica das dimensões de ensino, pesquisa e a extensão, como deve ser em uma instituição que almeja formar em perspectiva complexa, omnilateral.
É prudente não cair na tentação de mencionar um e outro campi, ou mesmo destacar nomes que apontam para amizades promissoras, demarcando a geografia das experiências mais profundas e emblemáticas. Em diversas unidades do IFSP, ao longo dos diálogos mais inspirados, confesso que fui tomado por uma sincera e intensa emoção. A emoção de ver a potência do projeto que representávamos, vendo a história acontecer em tantos sorrisos, abraços e mensagens de solidariedade, coragem e força. A partir de tantos encontros e amizades construídas, do compartilhamento de perspectivas pedagógicas, a campanha revelou que a utopia de uma educação libertadora, formando para a autonomia, apesar de inédita, ainda é muito viável.
A votação que alcançamos foi surpreendente, em uma campanha militante, que se fez gigante sem ter que fazer uso de qualquer estrutura pública ou mesmo de jogo de influências. Educadores e estudantes do IFSP construíram, com autonomia e muita vontade de mudança, uma campanha revolucionária, acolhendo todas as pautas mais avançadas e urgentes do IFSP. Uma campanha leve, ao mesmo intensa, plural, diversa, assumindo uma identidade ética e estética, que, a partir de sua dimensão inegavelmente coletiva, pensou as pautas, expos ideias, desafiou estatísticas e burocracias, sonhou, implementou ações e contestou poderes. Tudo porque não foi solitária, mas acompanhada e abraçada por muitos educadores que estavam lado a lado, dialogando, sonhando, esperançando! Por enquanto o sistema se impôs novamente, mas nós prosseguiremos alimentando a utopia de que um outro IFSP é possível!
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Adelino Francisco de Oliveira, professor do Instituto Federal de São Paulo, campus Piracicaba; [email protected]