Daniela Menochelli
A participação popular nas eleições é um dos pilares da democracia, garantindo que os eleitores influenciem diretamente os rumos do país, estado e, especialmente, de seus municípios. No entanto, o aumento nas taxas de abstenção de votos tem sido uma preocupação crescente em muitas cidades brasileiras. A ausência de eleitores nas urnas compromete o processo eleitoral, reduz a representatividade dos eleitos e afeta negativamente o desenvolvimento municipal.
Cada voto representa uma opinião, uma voz e um desejo da população sobre os rumos de sua cidade. Quando muitos cidadãos deixam de votar, essa representatividade diminui. Em eleições municipais, essa ausência pode ser ainda mais prejudicial, pois os gestores e vereadores eleitos têm influência direta na vida cotidiana das pessoas, administrando áreas como saúde, educação e infraestrutura. A abstenção, portanto, permite que uma minoria de eleitores decida pelos demais, enfraquecendo o poder da democracia e limitando a diversidade de interesses representados.
Além de enfraquecer a democracia, a abstenção tem consequências práticas para o município. Os gestores municipais eleitos são responsáveis por formular e implementar políticas públicas voltadas para o desenvolvimento local, e, quando a participação popular é baixa, esses representantes podem tomar decisões que não reflitam as necessidades reais da maioria. Isso pode resultar em políticas ineficazes ou até mesmo prejudiciais, afetando diretamente a qualidade de vida dos habitantes.
A falta de participação eleitoral também pode desmotivar gestores a investir em programas de engajamento e melhoria de infraestrutura, como transporte e segurança pública, já que esses assuntos tendem a ser priorizados em locais onde a participação eleitoral é mais expressiva.
Diversos fatores podem influenciar o aumento da abstenção, como descrédito nas instituições, falta de confiança nos candidatos, desinformação e até dificuldades logísticas. Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado crises de confiança em suas instituições políticas, levando muitos eleitores a se sentirem desencorajados a participar das eleições. Além disso, questões econômicas e sociais, como a necessidade de trabalhar no dia da votação ou a distância dos locais de votação, também contribuem para que muitos cidadãos não compareçam às urnas.
Para reduzir a abstenção e fortalecer o processo eleitoral, é fundamental investir em educação política, promovendo a conscientização sobre a importância do voto e a responsabilidade de cada cidadão no desenvolvimento de sua comunidade. Campanhas educativas, melhoria no acesso aos locais de votação e modernização do processo eleitoral são algumas das estratégias que podem ser adotadas para facilitar a participação do eleitor.
Em resumo, a abstenção de votos não é apenas uma questão individual; é um problema que afeta todo o município e compromete a qualidade do processo democrático. Quando os cidadãos deixam de votar, abrem mão de seu direito de influenciar as decisões que impactam diretamente suas vidas, e isso enfraquece a construção de uma cidade mais justa, inclusiva e desenvolvida para todos, engana-se quem usa o argumento de que não se envolve com política, não gosta de política e não precisa de política; a nossa vida é uma política em todos os âmbitos, para tudo que fazemos ou precisamos há a política por trás, seja na esfera pública ou privada.
Precisamos nos conscientizar sobre a importância da política e a participação de todos no processo eleitoral, pois se cada vez mais tivermos a população em massa cobrando os eleitos podemos mudar muita coisa e muitos comportamentos. O cidadão não tem noção do poder que tem.
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Daniela Menochelli, jornalista.