A gangorra de um executivo: o que eu tenho? O que eu quero?

Walter Naime

A vida de um executivo pode ser comparada a uma gangorra, oscilando constantemente entre o que ele tem e o que ele quer. O executivo, imerso no mundo do “fazer”, é alguém que não apenas sonha, mas transforma planos em realidade. No entanto, entre o “ser” e o “ter” existe uma distância que, para muitos, parece intransponível. É nesse espaço entre essas duas dimensões que mora o desafio.

Existem diferentes tipos de executivos: o estrategista, que desenha o futuro; o operacional, que executa com precisão; e o político, que navega pelas relações e pelo poder. Cada um deles se apresenta nas tarefas humanas com uma abordagem distinta, mas todos partilham da mesma gangorra, sempre em movimento. A gangorra, com seu sobe e desce constante, simboliza o ciclo interminável de altos e baixos que qualquer executivo enfrenta em sua carreira.

Assim como Archimedes falou sobre mover o mundo com uma alavanca e um ponto de apoio, o executivo precisa encontrar seus próprios pontos de suporte – sejam eles sua equipe, seus recursos ou suas ideias. Movimentar essa gangorra exige esforço, estratégia e inteligência. No entanto, nem sempre a força bruta é o que faz a diferença. Às vezes, o que importa é saber exatamente onde e como aplicar sua energia para fazer o equilíbrio funcionar a seu favor.

Diante de um propósito, o executivo precisa se perguntar constantemente: “O que eu tenho? O que eu quero?” Essas são as duas premissas fundamentais para qualquer projeto. Saber o que já se possui e o que ainda é necessário permite que o executivo construa um caminho mais claro para o sucesso. E, à medida que essas perguntas são feitas repetidamente, o executivo começa a ajustar suas expectativas e suas metas. Cada nova indagação cria um novo ponto de vista, que leva a um ajuste na direção e nos esforços.

Os resultados parciais que vão sendo obtidos ao longo do processo moldam novas perguntas. Às vezes, o objetivo inicial sofre modificações à medida que se obtêm novos dados e insights. E é nesse ajuste contínuo que reside a força do processo. O executivo, ao refinar suas convicções e métodos, se prepara não só para alcançar os objetivos imediatos, mas para aplicar o mesmo raciocínio em outros desafios e projetos futuros.

Quando esses princípios alcançam o executivo político, as oportunidades se multiplicam. Afinal, a habilidade de equilibrar “o que se tem” com “o que se quer” é essencial para sobreviver e prosperar nos ambientes voláteis e competitivos da política e dos negócios. A gangorra, nesse caso, é o cenário ideal para testar a flexibilidade e a adaptabilidade que tanto se exigem de um líder.

Se a intenção deste texto foi atingida, fica a mensagem de que o processo do executivo pode ser questionado, mas não destruído. A prática de reavaliar constantemente o que se tem e o que se deseja é o verdadeiro motor que movimenta a gangorra do sucesso. Alcançar uma nova fase, onde a resposta a essas perguntas leva a um novo ciclo de progresso, é uma vitória em si mesma.

E, claro, é sempre bom lembrar que, na gangorra da vida de um executivo, o humor é um grande aliado. Afinal, subir e descer é parte do jogo, e saber rir de si mesmo – principalmente quando se está no ponto mais baixo da gangorra – pode ser o que mantém o equilíbrio.

De uma folha de papel, uma caneta, um apoio e um desejo, atingimos o que eu quis.

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Walter Naime, arquiteto-urbanista, empresário

 

 

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