José Renato Nalini
O que mais será necessário acontecer para que as pessoas acordem? Em um ano, cresceu duas mil e quinhentas vezes a população afetada por queimadas no Brasil. São mais de dez milhões de pessoas diretamente impactadas entre agosto e setembro, contra três milhões e oitocentas mil no mesmo período do ano passado, 2023.
Boa parte do país arde em chamas. Prefeituras decretaram situação de emergência por incêndios florestais. Municípios fizeram rodízio de água. Há racionamento em boa parte do país. Milhares de pessoas tiveram de deixar suas casas e se abrigaram em casa de parentes, de acordo com o Sistema Integrado de Informações sobe Desastres, do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional.
Quinhentas e trinta e uma prefeituras registraram a calamidade e o Estado mais afetado é o Mato Grosso. Exatamente aquele onde se situava a maior região úmida do planeta: o Pantanal. O extinto Pantanal.
São Paulo teve cento e oito cidades em estado emergencial. Os incêndios impactam o sistema municipal de saúde, prejudicam o abastecimento de água, forçam a suspensão das aulas. E o prejuízo ambiental é fabuloso: nem há como ser calculado.
Enquanto isso, o Parlamento se perde em discussões estéreis. Em lugar de aprovar a PEC 1/2024, que cria o Conselho Nacional de Mudança Climática, a Autoridade Climática Nacional e o Fundo Nacional de Mudança Climática. Enquanto não se reflorestar o Brasil, haverá cada vez mais cidades secas, sem chuva, temperaturas acima de 40 graus e desaparecimento de qualquer curso d’água. O que você está fazendo para exigir da administração municipal de sua cidade uma atuação mais firme? Afinal, ninguém se livrará da catástrofe. Já passou o tempo de esperar. Agora é agir, com a urgência que a calamidade requer.
Recuperemos nossos córregos. Recomponhamos a mata ciliar. Plantemos árvores, sempre lembrando que elas demoram a crescer. Economizemos água e energia. Façamos a nossa parte. Por enquanto, ainda há esperança de salvação para a maior parte dos humanos. E para os outros animais também, pois eles fazem parte de nossa cadeia vital. Sem eles, também pereceremos.
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José Renato Nalini é Reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo