Oratória na Era Digital

Fermino Neto

 O discurso extremista é preconceituoso

         Fundamentado no principio de que os cristãos devem orar pelas autoridades, o deputado bolsonarista, pastor Otoni de Paula, no evento comemorativo à criação do dia da musica gospel no Brasil, juntou boa parte da bancada evangélica e orou pelo presidente Lula. Imediatamente os pastores no país todo reagiram pró e contra.  O pior deles foi o pastor Silas Malafaia.

         Estamos observando sinais desse radicalismo na disputa do 2º turno embutidos nas falas de agentes políticos mais que na dos candidatos. Em Piracicaba também. As correntes radicais colocam as eleições num destaque desinteressante.

        Infelizmente a palavra centro, na política brasileira, usada ainda no aumentativo, centrão a que Otoni pertence, cheira à podridão caudilha, oportunismo egoísta e representa tudo que uma democracia ética não comporta.

        Mas a democracia é o lugar do consenso, do diálogo e entendimento para abrigar os interesses todos de uma nação. Os perigos dos extremos na política são um tema que tem ganhado destaque nas últimas décadas, especialmente em um contexto global marcado por polarização e radicalização, como revelou-se nas eleições presidenciais de 2018 e 2022. Gostaria de apresentar uma análise sobre como essas dinâmicas podem afetar sociedades e democracias.

Polarização e Fragmentação Social

        A ascensão de movimentos políticos extremos pode levar à polarização da sociedade, onde grupos se dividem em “nós” contra “eles”.       Essa fragmentação social não apenas dificulta o diálogo e a construção de consensos, mas também fomenta a intolerância e o extremismo. Quando as pessoas se identificam fortemente com um grupo, elas podem começar a deslegitimar e demonizar aqueles que pertencem a outros grupos, rompendo assim a coesão social e aumentando o risco de conflitos.

Desrespeito às Instituições Democráticas

       Os partidos e movimentos políticos extremos tendem a questionar e desestabilizar as instituições democráticas. Em busca de poder, eles podem promover a erosão de normas e valores fundamentais, como a separação de poderes, a liberdade de imprensa e os direitos civis. Ao atacar os pilares da democracia, esses grupos não apenas minam a legitimidade das instituições, mas também colocam em risco a própria sobrevivência do sistema democrático.

 

Radicação do Discurso de Ódio

       O discurso de ódio muitas vezes encontra terreno fértil em contextos políticos extremos. A retórica incendiária utilizada por líderes extremistas pode incitar a violência e a discriminação contra minorias e grupos vulneráveis. Esse tipo de discurso não apenas ameaça a segurança dessas comunidades, mas também prejudica o debate público ao trivializar questões complexas e reduzir as discussões a slogans simplistas.

Decisões Políticas Irresponsáveis

       Os extremos na política tendem a adotar posições radicais que podem levar a decisões políticas irresponsáveis. Em vez de buscar soluções equilibradas e baseadas em dados, esses grupos podem priorizar ideologias ou emoções, o que pode resultar em políticas prejudiciais. A falta de compromisso e a rigidez ideológica podem, por exemplo, dificultar a resolução de problemas complexos, como mudanças climáticas, desigualdade social e crises econômicas.

Desencorajamento da Participação Cívica

     A polarização extrema pode desestimular a participação cívica. Eleitores que se sentem desconectados das dinâmicas políticas em razão da radicalização podem optar por se afastar do processo democrático. Essa apatia pode aumentar a influência dos extremos, criando um ciclo vicioso que empurra a política para além da mediocridade e necessidade de diálogo.

Conclusão

         Os perigos dos extremos na política são multifacetados e têm implicações significativas para a saúde de sociedades democráticas. É essencial que cidadãos, líderes e instituições cultivem um espaço político que valorize o diálogo, a empatia e a construção de consensos, a fim de evitar as armadilhas da polarização e da radicalização. O fortalecimento da democracia exige esforço conjunto para promover um ambiente onde todas as vozes possam ser ouvidas e onde a diversidade de pensamentos e opiniões seja respeitada.

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