Brasil vê União e PL crescerem enquanto PT e PSDB definham|

Gregório José

No cenário político brasileiro, observamos uma guinada curiosa, para dizer o mínimo. Enquanto o PSD segue robusto, com sua base sólida de prefeitos eleitos e uma expressiva fatia da população sob seu comando, outros partidos de peso vão desaparecendo na poeira do tempo. PT e PSDB, que já foram os titãs do tabuleiro político, parecem estar encolhendo a olhos vistos, relegados a uma posição quase irrelevante no contexto municipal. Quem diria que partidos com histórias tão profundas estariam lutando para manter a cabeça fora d’água?

Agora, é impossível ignorar o crescimento acelerado de partidos como União Brasil e PL. Este fenômeno reflete mais do que simples rearranjos no mapa político. Há uma mudança de ventos, impulsionada não por ideologias claras, mas por pragmatismos locais. O União Brasil, por exemplo, parece ter encontrado a receita para se consolidar rapidamente, enquanto o PL, com sua conexão direta ao bolsonarismo, colhe os frutos de uma base de apoio ainda leal, mesmo em tempos de incertezas e polêmicas.

Não se enganem: essa ascensão vertiginosa não se deve a novas ideias ou grandes propostas transformadoras. Ao contrário, o crescimento de legendas como União Brasil e PL se deve à articulação política, aos acordos de conveniência e ao apoio a figuras populares, que atraem votos mais pela persona do que pelo partido que representam. Muitos desses prefeitos não estão exatamente interessados em promover um projeto político nacional, mas em assegurar seu espaço no poder local.

Já o PSD, sob a batuta de Kassab, mantém sua relevância, sendo hábil em se manter relevante nas sombras, sem gerar grandes ondas ou atritos. Sua força vem, em grande parte, da capacidade de dialogar com praticamente qualquer espectro político, seja na direita ou na esquerda, um verdadeiro camaleão partidário.

O PT, outrora o gigante dos movimentos sociais, perdeu força substancial nos municípios. Sem o carisma de Lula em cada canto e sofrendo com o desgaste das gestões anteriores, o partido encontra cada vez mais dificuldade em se conectar com o eleitorado local. O PSDB, por sua vez, que já teve Fernando Henrique Cardoso como ícone de estabilidade e modernidade, parece não encontrar seu lugar nesse novo Brasil, sendo superado até mesmo por legendas mais jovens e menos tradicionais.

O fato é que, em tempos onde partidos tradicionais desbotam, os eleitores buscam alternativas – não necessariamente por convicção, mas porque o pragmatismo político local parece ter se tornado a nova moeda corrente. E no meio desse jogo, quem entende as regras melhor (ou manipula-as com mais habilidade), leva a melhor.

A pergunta que fica é: esses novos vencedores têm algo a oferecer além do pragmatismo eleitoral? O tempo vai dizer, mas não parece que tenhamos muitas respostas inovadoras no horizonte. O mapa político brasileiro muda, mas o modus operandi permanece assustadoramente o mesmo. É o eterno jogo de cadeiras – e os nomes nas costas dos assentos podem até mudar, mas os comportamentos, infelizmente, continuam muito familiares.

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Gregório José, jornalista, radialista e filósofo

 

 

 

 

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