Uma parcela do eleitorado do estado de São Paulo que antes percorria muitos quilômetros para votar, fez suas escolhas com muito mais comodidade no domingo, 6. Moradores de comunidades quilombolas e caiçaras votaram em seções eleitorais instaladas próximas às suas residências pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP).
Um desses eleitores é Antonio Jorge, residente no quilombo Pedro Cubas, na cidade de Eldorado. É a 148ª ZE — Eldorado que organiza as eleições no local, onde desde 2022 foi instalada a seção 63. Antes, os moradores tinham que se deslocar cerca de dez quilômetros até o local de votação mais próximo.
Agora, Antonio percorre apenas 200 metros para votar e, aos 79 anos, votou ainda de manhã. “A urna ter chegado aqui foi um sucesso para a nossa comunidade. Enquanto eu tiver condições físicas, vou exercer meu direito de cidadania”, afirmou. Outro quilombo em Eldorado que também se tornou local de votação é Ivaporunduva, que recebeu o eleitorado pela primeira vez este ano.
Essas comunidades foram atendidas por meio do Programa de Inclusão Político-Eleitoral do TRE-SP, que facilita o acesso ao voto das pessoas que vivem em locais de difícil acesso, como quilombos, aldeias indígenas, comunidades caiçaras e assentamentos rurais.
Outros comunidades atendidas pelo programa ficam na Ilhabela, litoral norte do estado, nas praias do Bonete e Castelhanos. As seções eleitorais foram instaladas nessas comunidades em 2022, então essa foi a primeira vez que os moradores puderam escolher vereadores e prefeitos sem ter que se deslocar para o outro lado da ilha. “Antes, para votar, como dependemos muito das condições climáticas aqui, o mais seguro era ir para o local de votação antes do dia da eleição”, conta Patrícia Rubia, moradora de Bonete. Assim, era comum que muitos desistissem de votar.
Com o clima em constante mudança e um deslocamento complexo, as urnas foram enviadas na sexta-feira (4). A de Bonete foi transportada por helicóptero e a de Castelhanos em veículo 4 x 4 da Polícia Ambiental. A transmissão dos votos foi feita via tecnologia JE-Connect, desenvolvida pela Justiça Eleitoral para agilizar o envio dos votos de locais isolados para a totalização. Em Ilhabela, as eleições são organizadas pelo posto de atendimento local em conjunto com a zona eleitoral 132ª ZE – São Sebastião.
LOGÍSTICA – Outro local desafiador em termos de logística é a seção eleitoral da Escola Rural do Bairro de Onça, na região da Serra da Bocaina, em Bananal. Lá votam 103 eleitoras e eleitores. Raquel Neves, chefe do cartório de Bananal, conta que o acesso é tão complicado que a urna é transportada em caixa especial. São muitos os solavancos em uma estrada de terra muito íngreme e escorregadia. “Carro comum não sobe. A urna é transportada em carro 4 x 4 da Polícia Ambiental”, afirma Raquel.
Em Cananéia, no litoral sul, há urnas que chegam via lancha à comunidade de Ariri, já na divisa com o Paraná. “As urnas são acondicionadas em caixa estanque com escolta da Polícia Militar Ambiental. O percurso passa por uma das maiores porções de Mata Atlântica do Brasil”, conta o chefe do cartório eleitoral, Fernando Vieira.