Douglas Alberto Ferraz de Campos Filho, médico
É consenso entre os fumantes a ideia de que basta fechar a porta da cozinha, abrir a janela da sala e ligar o ventilador para dissipar a fumaça e livrar o ambiente dos malefícios causados pelo cigarro; pleno engano, pois o cigarro faz mal mesmo à distância.
Atitudes como estas de fumar na varanda, ou na área de serviço, que visam proteger as crianças, não são suficientes, diz estudo de Revista Científica Pediatrics. Pois vários metais pesados e partículas cancerígenas ficam presos nas paredes, nas roupas, no cabelo, mesmo de um dia para outro e continuam sendo tóxicas para o organismo. Existe até uma nova expressão para esse tipo de contaminação, chamada pelos Médicos especialistas como “Fumaça de terceira mão”.
Nesta fumaça do dia anterior foram detectadas mais de 15 substâncias tóxicas nos locais onde se fumou; entre elas cianeto de hidrogênio (um dos componentes de arma química); polônio-210 (substância radioativa que matou o famoso espião russo Alexander Valterovich Litvinenko); o tolueno (solvente de tintas); o butano usado como gás em isqueiros; sem contar com outras substâncias altamente tóxicas como o Arsênico, Chumbo, Monóxido de Carbono etc.
Assustador? Muito! Pois essas partículas apesar de ínfimas, são muito danosas. A “fumaça de terceira mão” não é visível, como aquela que sai do cigarro aceso, mas deixa aquele cheiro que impregna o carpete do hotel, a parede do elevador, o casaco do vizinho e o cabelão da namorada. “O nariz não mente”, segundo estudo feito pela Faculdade de Medicina de Harvard; tais substâncias são tão prejudiciais que é como se o cérebro através do olfato desse o aviso: “saia daqui!”
O resultado da pesquisa amplia o conceito de fumante passivo e deve gerar novos comportamentos. Pois fumar na varanda de casa, na área de serviço e próximo a outras pessoas, mesmo em lugares bem ventilados, poderá tornar-se um hábito tão mal visto quanto soltar tragadas dentro de um avião pressurizado.
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Douglas Alberto Ferraz de Campos Filho, médico