Antonio Roberto de Godoi
Sai a liberdade de expressão, entra a hipocrisia e o patrulhamento ideológico neofascista; e a maldade argumentativa.
Em texto recentemente aqui publicado sob o título “A cadeirada antifascista”, este que escreve analisou, sob o ponto de vista comportamental, a cadeirada de José Luiz Datena em Pablo Marçal.
Quase com o mesmo título e na mesma edição, “A cadeirada antifascista de Datena”, escrita pelo sociólogo Aldo Fornazieri, com maestria abordou social e politicamente o fato, sem também deixar de fazê-lo sob o aspecto comportamental.
Teoricamente, espera-se que professores e pessoas cultas – sobretudo as que assim se autodeclaram-, tenham capacidade e habilidade na interpretação de textos e que não tenham preguiça de lê-los até o seu final, evitando mal entendimento e ou entendimento parcial.
Com o título “Não havia cadeira e nem fascismo na pré-história”, o professor Eduardo Simões, que se proclama “culto” e se jacta com autoridade suficiente para querer dar lição de moral a quem não reza a cartilha do neofascismo como ele, como se pode depreender, não deve ter gostado de ver desnudados e desmascarados os seus ídolos Jair B., Pablo Marçal e Elon Musk, este, em artigo anterior, de minha autoria.
A crítica é sempre bem-vinda quando intelectualmente honesta; quando não tenta convencer o leitor usando falseamento da verdade e nem colocar palavras na boca dos outros.
Ao afirmar que em meu artigo defendi a violência, o Sr. Simões demonstra toda a sua incompreensão e disposição em defender o indefensável: a violência verbal e o culto a quem desrespeita as leis e a soberania de um país como o Brasil; além de escancarar toda a sua maldade argumentativa, típica de debatedores de redes sociais.
A prepotência e arrogância do Sr. Simões também o credencia a jactar-se de ter cursado a “velha escola”, sem explicar o que exatamente isso significa, e como que isso fosse passaporte para sabedoria, respeito e humildade. Coisa típica dos sabichões de internet; sabichões dessa Era de neofascismo digital.
O Sr. Simões, logo no título, apresenta clara distorção, típica de quem não se atualiza: a que pré-história se refere? A da “velha escola” que pouco ou quase nada se atualizou em relação às mais recentes descobertas arqueológicas, históricas e linguísticas? Ou o quê?
Sr. Simões deveria saber que maldade, corrupção e egoísmo humano sempre existiram, como atesta o Livro do Gênesis: “O homem que criei é corrupto e mal, por isso destruirei a sua raça.” E lá veio o delete em forma de Dilúvio Universal; e lá se vão mais de 7.600 anos. Mudou alguma coisa?
Pode-se inferir, com um olhar desprendido das amarras da educação e cultura tabicadas, que o fascismo, assim como o egoísmo-e as cadeiradas-, sempre existiram; só que não com esses nomes.
A maldade argumentativa do Sr. Simões extrapola o bom senso ao querer comparar a cadeirada do Datena, e no contexto em que aconteceu e analisei, com desenhos animados de trogloditas arrastando mulher pelos cabelos; com violência escolar; e, pasmem: com massacres de carmelitas no século 18! “Nos poupe”.
O Sr. Simões deveria saber que está escrevendo para um respeitado jornal piracicabano, não para um bando de idiotas das redes sociais com argumentações rasas, distorcidas e mentirosas. Deveria envergonhar-se.
Não satisfeito, o Sr. Simões parece ter ficado ofendido pela “transliteração” para um texto jornalístico, de “verdades” que abundam na mente coletiva: “Fulano reagiu porque não tem sangue de barata”. Há uma clara referência, e talvez não tenha compreendido a mensagem- ou talvez tenha tido a intenção maldosa de distorcer mesmo- a uma característica de personalidade do senhor Datena e que é explicitada no dia-a-dia por muitos brasileiros.
Moralista de plantão no patrulhamento dos que fogem das padronizadas opiniões fascistas das mídias digitais sociais, ao que parece, o Sr. Simões ainda tem energia negativa suficiente para usar de todo o seu arsenal de maledicência contra Jean-Jacques Rousseau.
Dá enorme importância ao fato do grande filósofo suíço, na sua carência financeira e errante juventude, ter tido filhos sem condição de criá-los e, por isso, tê-los deixado em orfanado público. Filhos posteriormente resgatados, fato rasteiramente omitido na sua argumentação. Desqualifica o autor para desqualificar a obra. Raso demais.
Preferiu a maledicência a comentar a grandeza da obra “Do Contrato Social” que tanto influenciou o mundo com ideais de liberdade, fraternidade e igualdade. Ideais tão claramente odiados e combatidos pelos fascistas, neofascistas e afins.
Finalmente, o Sr. Simões, ainda no auge de sua “cultura”, arrogância e “saber”, mais uma vez jacta-se na sua superioridade e dá veredito a meu respeito sugerindo que eu não entendo nada de fascismo, e que eu não tive a sorte de estudar na “velha escola”, como ele. Quanta presunção! Tudo para defender Pablo Marçal da pecha de fascista que imputei a ele em meu artigo.
O fascista manipulado nem sabe que é fascista. Não leu nada respeitável a respeito; tudo que sabe parece ter lido num dos 53 sites de influenciadores de extrema-direita brasileiros; e de forma muito superficial e distorcida. Se tivesse estudado o “Mein Kampf” (“Minha Luta”), de Adolf Hitler, e a “Doutrina do Fascismo”, de Benito Mussolini – só para citar algumas obras-, não teria dificuldade para perceber a semelhança desses dois personagens da História, suas personalidades, condutas e atitudes com as de Pablo Marçal.
Finalmente, e o mais delicado, o Sr. Simões demonstra não entender nada de Jesus de Nazareth, encarnação dO Cristo. Sugere que dei um duplo salto (!) indo da quebradeira – inclusive prováveis cadeiradas – promovidas por Jesus na expulsão de mercadores do Templo, com a citação do Livro das Revelações (Apocalipse): “Os omissos eu os vomitarei pela boca”.
O Sr. Simões não entendeu nada mesmo. Os omissos, Sr. Simões, em relação a toda forma de violência: verbal, psicológica e física; omissão em relação à verdade e à justiça. E o salto, ele não é duplo como ironicamente sugere, mas quântico, quando se trata da maior mente que pisou neste Planeta.
E quanto a João – o mais jovem e mais amado dos discípulos do grande mestre da humanidade-, por revelação do próprio Cristo escreveu o “Apocalipse”. Do jeito que a sua maldade colocou em seu artigo dá a impressão de que não sei quem é um e outro.
Em verdade, o Sr. Simões não entende nada de Jesus, que é muito high tech para o seu entendimento e para o seu espírito tacanho. O seu apagão mental talvez seja reflexo da escuridão da Idade Média em que parece o seu pensamento estar imerso e comprometido. Que raça de gente é o senhor, se é que se pode perguntar?
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Antonio Roberto de Godoi, pesquisador, radialista, jornalista. E antifascista!