A violência policial não é uma farsa!

Douglas Pinheiro Graciano

Na edição do dia 25 de junho de A Tribuna Piracicabana foi publicado um artigo de Dirceu Gonçalves, um tenente da PM de São Paulo, com o título “A farsa da violência policial”, no qual o autor recorre a uma inversão de papeis, representando os policiais agressores como vítimas. Um texto cheio de malabarismos para tentar mascarar uma realidade sofrida diariamente pela classe trabalhadora, principalmente pela população negra, em diversos bairros pobres do estado de São Paulo e dos demais estados do Brasil – a violência policial.
O que será da população civil se não tivermos o direito de gravar uma abordagem indevida ou denunciar os abusos dos policiais militares, que nas próprias palavras do tenente, são “o ostensivo braço armado do Estado e sua força coercitiva” – afinal, a polícia serve para defender o Estado ou a população?
Se vivêssemos em um país onde os valores democráticos fossem levados a sério, o papel dos superiores da corporação seria o de condenar com veemência todo abuso de poder e todas as atividades ilícitas em que incorrem os agentes de repressão do Estado em suas rondas noturnas. Um artigo como o de Gonçalves escancara a falta de sensibilidade para com as famílias que perderam seus adolescentes e jovens para a violência policial.
E se não bastasse a tentativa de calar as vozes das verdadeiras vítimas do Estado, o tenente escancara suas tendências autoritárias – permanências da época da ditadura militar –, pedindo uma espécie de censura contra aqueles que questionam as arbitrariedades do “braço armado do Estado”. Gonçalves diz que “algo tem de ser feito para cessar o ativismo permanente”, incitando até mesmo métodos punitivos. Isso é inaceitável! A liberdade de expressão é um dos mais importantes diretos garantidos pela Constituição de 1988.
Se a livre-expressão e a vigilância da sociedade civil lhes causa temores, cabe a eles reavaliarem a própria postura. No mais, é difícil esperar muito de uma instituição que ostenta em seu brasão de armas a figura de um bandeirante: o matador de índios.
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Douglas Pinheiro Graciano, graduado em História (Unimep), pós-graduando em Educação em Direitos Humanos (IFSP – campus Piracicaba)

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