Ex-prefeito Du Modesto quer voltar ao comando da Prefeitura de São Pedro

Du Modesto é candidato a prefeito em São Pedro – foto: Daniella Oliveira

Ex-prefeito por dois mandatos consecutivos (2005 a 2012) em São Pedro, o advogado, professor e atualmente vereador, Eduardo Speranza Modesto, o Du Modesto, quer voltar ao comando da Prefeitura. Pelo Partido Verde (PV), o candidato a prefeito tem como vice o pastor Samuel Gomes (PT). Em entrevista A Tribuna, Du Modesto falou sobre suas propostas e ações importantes que realizou para o município.

Gestão Pública e Transparência

PERGUNTA (P) –  Quais são suas principais propostas para melhorar a transparência na administração pública?

RESPOSTA (R) – A área de transparência pública tem evoluído muito, sobretudo com a internet. Mas a transparência não pode ser apenas uma obrigação legal, isso deve ser uma prática cotidiana da administração pública, em todas as áreas. Especialmente na área licitatória, onde tem que buscar uma maior competitividade para que tenha um melhor serviço e o menor preço, mas também nas áreas próprias que atendem a população, como na educação. Por exemplo, para que o Fundeb seja posto com toda clareza para que o professor tenha previsibilidade do seu recebimento ou não ao final do ano. Na área de obras, da saúde, enfim, todas as áreas da Prefeitura. Isso deve ser um exercício, e hoje a internet possibilita um avanço grande. Mas não pode se restringir a internet. Isso deve ser uma prática do servidor. Quem atua na área pública, seja que cargo que for, secretário ou coordenador, todo funcionalismo tem que ter consciência que o dinheiro que recebe é dinheiro público, é dinheiro do povo. Quando se fala em dinheiro público, em recurso público, não está falando do seu próprio. Então o recurso público tem que ser muito bem gerido. E essa gerência do dinheiro público será tanto melhor na exata medida que haja o efetivo acompanhamento, e não só dos órgãos públicos que têm esse dever, como Tribunal de Contas do Estado, o Tribunal de Contas da União, o Ministério Público Estadual e Federal, todas as controladorias estadual e federal, mas, sobretudo do cidadão e da cidadã.

(P) –  Como você pretende combater a corrupção e garantir a ética no governo municipal?
(R) –  Quando se fala em desvios, como é que se constrói uma prática de correção na área pública? Eu acho que o número um, não tenho dúvida, é através do exemplo. Autoridade não vem de tapa na mesa, não vem de grito, não vem de berro, não. Autoridade vem do exemplo. Então, o exemplo do prefeito, que é quem comanda efetivamente, é o ordenador de despesas, é quem diz onde nós estamos e onde nós queremos chegar e qual o caminho para se chegar até lá, é o exemplo da figura do prefeito. É muito importante o exemplo da capilaridade, quando o secretário, o coordenador, o servidor com um todo percebe uma correção nos atos, na postura do prefeito, as coisas já começam bem. Eu sempre busquei, busco nas minhas administrações e pretendo fazer a partir do dia 1º de janeiro próximo, é dar o primeiro exemplo. O exemplo da correção, o exemplo de buscar a cada dia prestar o melhor serviço público, o exemplo da humildade, e a partir daí as coisas já começam bem. Agora, a partir da identificação de qualquer desvio de qualquer natureza, isso tem que ser levado imediatamente ao conhecimento das autoridades que vão aí fazer a aplicação da lei, seja lei de recuperação desses desvios ou seja a lei penal.

(P) –  Quais medidas você planeja implementar para aumentar a participação cidadã nas decisões governamentais?
(R) –
 Participação popular é algo que não pode ser ´Fake News`. Porque muitas vezes a gente percebe aquela participação só na assinatura da reunião do conselho, mas não é uma participação efetiva. Hoje, infelizmente, as pessoas estão acostumadas a atuar muito nas redes sociais, mas na hora da participação efetiva, que é participar dos conselhos, das instituições, essa situação vem se fragilizando, pelo menos no Brasil todo. A gente tem que ir na contramão disso, temos que estimular o cidadão e a cidadã para que exerça essa cidadania junto ao Poder Público. O Poder Público não é o único vetor de desenvolvimento da cidade, mas talvez seja o mais forte. Como é que se faz isso? Primeiro buscando o fortalecimento das associações, os clubes de serviços das instituições do município. Essas interlocuções devem ser permanentes. As instituições, os clubes de serviços, as igrejas também, devem ser ouvidas permanentemente pelo Poder Público. Quem ouve mais erra menos, essa lógica é fatal. Além dessa interlocução, buscar com que os conselhos municipais tenham uma vida efetiva para além das reuniões, da ata, da assinatura apenas burocrática e obrigatória, mas que sejam compostos por pessoas que de verdade sejam interlocutoras perante a sociedade.

Economia e Turismo

(P) –  Quais são suas estratégias para atrair novas empresas e investimentos para a cidade?
(R) –  Quando se fala em atração de empresas, eu acho importante dizer algumas coisas. Eu não vejo conflito entre o investimento produtivo, empresarial e industrial e a atividade turística. Eu acho que são elementos complementares. Eu dou um exemplo disso, como o município de Atibaia, que tem empresas média e grande e tem uma atividade turística pujante. São Pedro pode acontecer isso. Quando se fala em empresas, a cidade tem que estar aberta para isso. Aliás, eu digo mais uma vez com tranquilidade, porque fui eu que abri o distrito empresarial em São Pedro. Tem que estimular aqui o são-pedrense, o pequeno e médio, porque está comprovado o seguinte: e a pequena e média empresa que gera mais emprego, gera mais do que a empresa grande, porque a empresa grande já trabalha naquela perspectiva de automação, robotização e a pequena e a média não. Então é importante a gente ter claro que a população ganha com geração de emprego e renda.

Du Modesto tem o pastor Samuel Gomes com vice

(P) –  Como você pretende apoiar os pequenos negócios e empreendedores locais?
(R) –  Quando se fala em apoiar o pequenos negócios e empreendedores locais eu me sinto muito à vontade porque um dos lemas da nossa campanha é exatamente “Vamos destravar essa Prefeitura”. O que significa destravar uma Prefeitura? Veja só, o mundo mudou, as coisas hoje têm uma dinâmica diferente da de 20, 30 anos atrás, e a prefeitura a gente percebe que é travada hoje. E é travada, sobretudo, para o pequeno e médio investidor, para o pequeno e médio comerciante, e para juventude, que hoje tem essa gana de investir e de gerar recurso, de ganhar dinheiro pra si e para família. Hoje a prefeitura vive numa burocracia do século passado. Tem hoje situações na prefeitura, lógico, tem situações complexas, mas a maioria dos requerimentos, dos pedidos e das solicitações dos cidadãos de São Pedro são simples, e ficam naquela embromação e manda o parecer do jurídico e a coisa não anda. Então o objetivo, o foco que vamos colocar, é nessa desburocratização nesse destravamento para que as coisas aconteçam com maior agilidade, com maior eficiência. E o cidadão, sobretudo o investidor pequeno, médio comerciante se sinta estimulado e encontre no Poder Público de São Pedro uma mão estendida, apoio e não um dificultador que trave minha vida.

(P) –  Pensando nos comerciantes, rede hoteleira, quais suas propostas para melhorar o setor de Turismo?
(R) –  Falar em turismo tem que começar dizendo, e isso não é opinião minha, é uma compreensão de estudo global, mundial. O turismo sim, é o maior gerador de emprego de trabalho e de rende do mundo. Aqui não é diferente. Mas nessa área teremos uma ação com foco muito claro. Um evento X ou qualquer ação da prefeitura, qualquer investimento da prefeitura, vai estimular o investimento? Vai estimular o emprego? Vai gerar trabalho? Vai por dinheiro no bolso do cidadão? Então nós vamos fazer. Caso o contrário não! Eu até dou um exemplo que a gente tem visto aqui em São Pedro, que são as festas da coxinha gigante, do kibe gigante, da esfirra gigante, da salsicha gigante, do pastel gigante, que leva o dinheiro do são-pedrense para fora. Não. Atividade turística tem que trazer o dinheiro para cá. Pode-se falar muita coisa do turismo. Turismo se conecta com o meio ambiente, com a autoestima do povo, se conecta com cultura, muito forte isso. Mas, tem uma conexão que tem que existir obrigatoriamente: O turismo é uma atividade econômica que tem que gerar emprego, renda e dinheiro no bolso do povo, e é nessa direção que a gente vai atuar. E também no âmbito regional. A gente tem um caso aqui que é o único no Brasil, que é a condição de São Pedro e Águas de São Pedro. É o único caso do Brasil que existe a condição de Roma e Vaticano, com um município dentro do outro. Águas de São Pedro está dentro do município de São Pedro. Qual a única possibilidade para São Pedro e Águas de São Pedro? O ganha-ganha. Tem que ser ganha-ganha e não ganha-perde. E tem que ter com outros municípios também, Charqueada, Ipeúna, Itirapina, Torrinha, Brotas, Santa Maria da Serra, Piracicaba. Enfim, turismo é sinônimo de dinheiro para os são-pedrenses de emprego e renda para população.

Educação

(P) –  Quais são suas propostas para melhorar a qualidade da educação nas escolas municipais? Como você planeja lidar com a falta de recursos e infraestrutura nas escolas? O que você fará para valorizar e capacitar os professores da rede pública?
(R) –  Falo da educação com absoluta tranquilidade e com o histórico do que nós fizemos por São Pedro. Fizemos da educação em nosso mandato como referência de qualidade. Material didático de primeira, valorização do professor. Tenho a certeza, com absoluta convicção, de que a educação estará melhor no próximo ano com a nossa nova administração. Deixo claro aqui algumas coisas: o problema da educação não é falta de dinheiro. Não estou dizendo que pode esbanjar, mas não tem falta de dinheiro. O que existe é falta de gestão, falta de comprometimento, falta de carinho, falta de prioridade com o investimento na pessoa, em gente, no aluno. Porque quando você investe num aluno não é uma coisa que você consegue colocar placa, inaugurar, tocar banda, não, é um investimento mais importante, que é da pessoa humana. E sobretudo naquela idade, que é comprovado cientificamente, por estudos. A prioridade é a primeira infância, do zero ao seis anos. É nesse momento que deve-se despertar a criatividade, deve-se cuidar da alimentação, de fazer a conexão com a família. Porque através da educação se estabelece várias conexões, na área social, na área da saúde, na área da cultura, na área do meio ambiente. Através do aluno, da criança, do jovem e do meio ambiente, atinge a família, passa a conhecer o retrato de um bairro de uma comunidade e adotar políticas públicas a partir do conhecimento dessa realidade. No nosso mandato zeramos a fila de creche em São Pedro, construímos várias creches e ampliamos outras tantas. Trouxemos para São Pedro e Etec, que é uma conquista que município do tamanho de São Pedro não tem. Temos o compromisso e vamos trazer para São Pedro e Etec federal. Construímos a Escola da Jaqueira. É importante dizer isso porque o aluno não é municipal, nem estadual e nem federal, ele é são-pedrense. Vamos ter uma parceria ativa com as escolas estaduais de São Pedro.

Saúde

(P) –  Quais são seus planos para melhorar o atendimento nos postos de saúde, Upa e hospitais municipais? Como você pretende lidar com a falta de medicamentos, tempo de espera em consultas e equipamentos médicos? Quais ações você propõe para promover a saúde preventiva na comunidade?
(R) –  É importante a gente dizer do que nós projetamos para nosso novo mandato, falar do que nós fizemos aqui. Nós encontramos uma Santa Casa interditada, um Pronto Socorro interditado, desacreditado. A fama de São Pedro em todo Estado era uma fama de que não pagava médico, os médicos fugiam de São Pedro. Os primeiros médicos que conseguimos trazer para cá, que não conheciam a fama de São Pedro, vieram lá do sul de Minas. Nós enfrentamos esse desafio e reabrimos pronto socorro e conquistamos a Upa para São Pedro e reabrimos a maternidade de São Pedro. O são-predrense voltou a nascer em São Pedro. A situação da saúde deu uma grande virada no nosso mandato. Mas agora a gente tem que falar para frente. Tem muita coisa que dá para fortalecer e melhorar em São Pedro, como por exemplo, as especialidades médicas, que podemos e queremos fazer a ampliação dessas especialidades. Com foco muito específico, a área onde mais se cresce a demanda da saúde, e isso não é só em São Pedro, é no Brasil e no mundo, é a área da saúde mental, que se agravou ainda mais com pós-covid. Quando se fala de saúde mental fala-se também da demência, que adoece o paciente e também a família; também da questão da dependência química, com álcool e droga. Precisamos aumentar o número de psiquiatras e de psicólogos aqui. Saúde mental será uma prioridade no nosso governo.

Outro projeto nosso, é o funcionamento de unidades básicas de saúde por 24 horas. Com isso, tem a questão de alocação de servidores, você consegue desafogar a Upa. Fazer todo atendimento de baixa complexidade nessas unidades e a Upa sim, vai cuidar dos casos de média e grande complexidade. Outra área interessante que a gente vai botar para funcionar aqui é telessaúde, que já existe no Brasil, um programa que está caminhando forte no governo federal. O paciente consegue sua consulta online e hoje já é possível, inclusive, a receita sair de lá. Quando se fala em medicamento, a Farmácia Municipal de São Pedro funcionava numa sala embolorada lá na Umis, e nós fizemos a nova Cozinha Piloto e no prédio da antiga nós fizemos toda estrutura e desde então a Farmácia funcionada em condições adequadas. Mas, é claro, precisa ter remédios. Vamos buscar esse caminho, mas com novidades. Hoje a área homeopatia tem sido muito valorizada em com comprovação científica, pois tem uma série de remédios da homeopatia que dão resultados e são mais baratos. Vamos atuar e buscar. Quando se fala na prevenção da saúde, se fala em muita coisa, e um dos pontos principais é a valorização da saúde da família. Fazer a interlocução entre os agentes e as unidades de referência e que essa articulação funcione bem em cada bairro. Em prevenção, vamos pensar no esporte, principalmente para terceira e melhor idade.

Segurança Pública

(P) –  Quais medidas você pretende adotar para melhorar a segurança pública na cidade?  Como você vê a relação entre a prefeitura e as forças de segurança (polícia militar e guarda municipal)? Apesar de ser considerada baixa em São Pedro, quais são suas propostas para combater a violência e a criminalidade?
(R) –
 Hoje, por incrível que pareça, a segurança pública é uma prioridade e preocupação grande da população de São Pedro. Parece brincadeira, mas isso é verdade. Quando se fala em segurança pública não se fala apenas em policiamento, mas se fala em zeladoria, uma cidade bem cuidada. Não a situação que se encontra a praça Gustavo Teixeira, onde nasceu São Pedro, uma situação de absoluto abandono e uma vergonha para São Pedro ter as praças nessa situação. Com isso as pessoas não se sentem estimuladas para ir para rua. Queremos uma população segura e estimulada para ir para os parques, praças e ter convivência social. Tem um dado que é chocante que eu quero frizar aqui, é chocante, é assustador e inacreditável. Águas de São Pedro, um município muito menor que o nosso tem mais de 20 guardas municipais. São Pedro, parece piada, mas não é, tem 19. Temos o compromisso no primeiro ano de mandato de dobrar o número de guardas. A tecnologia em importante, mas é importante também a sensação de segurança com a guarda municipal em ronda e presente em todos os bairros. Presença e atuação inibe qualquer atitude de desvio. Mas também é importante a interlocução da Polícia Civil e Polícia Militar. Construir estratégias em comum e pensar nisso permanente. Queremos que a cidade volte a se sentir segura.

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