Por que os judeus condenaram Jesus e libertaram Barrabás?

Alvaro Vargas

 

Na análise dos Evangelhos, é difícil compreender os motivos que levaram os judeus a condenarem Jesus. Mesmo conscientes de que era uma pessoa humilde e amorosa, sem crimes, optaram por libertar Barrabás, um criminoso contumaz. Segundo os evangelistas, Jesus foi aclamado pelo povo no domingo, na sua entrada triunfal em Jerusalém, e condenado naquela mesma semana. Portanto, é no mínimo intrigante que isso possa ter acontecido dessa maneira no curso daquela semana, com a sua prisão na quinta-feira, julgamento e condenação na sexta-feira. Esse episódio contribuiu para estigmatizar o povo judeu. Contudo, essa questão não poder ser analisada sem considerar a situação social, religiosa e política da época. Sabemos que os rabinos do grande templo de Jerusalém procuravam uma forma de assassinar Jesus. Para eles, o Mestre Nazareno representava um perigo a sua situação de poder. Desejavam eliminá-lo, mas para evitar um confronto com os adeptos do Nazareno, articularam uma forma de transferir esta responsabilidade para os romanos, como de fato, ocorreu. No inquérito instaurado, Jesus foi incriminado como um insidioso, conspirando contra o império romano, um crime passível de pena capital. Para complicar a situação de Jesus, além de os rabinos terem influenciado o povo para libertar Barrabás, existia uma grande frustração dos judeus com relação ao Messias. Não podiam aceitar a passividade como ele se entregou, aceitando o seu sacrifício. Esperavam um Messias guerreiro, como Moisés, que os libertou da servidão no Egito. Um Messias que os livraria da dominação romana. Contudo, a missão de Jesus não era política, mas trazer os ensinamentos necessários para a nossa libertação espiritual

Entretanto, de acordo com Severino Celestino (O Sermão do Monte, pg. 14), a entrada “triunfal” de Jesus em Jerusalém não ocorreu na semana de seu martírio, mas durante a festa judaica dos Tabernáculos, em meados de setembro do ano 32, portanto, seis meses antes da Páscoa e da sua condenação, ocorrida em abril do ano 33. Ele havia sido aclamado em coro, “salve-nos”, porque foi apresentado pelos discípulos como o Messias, um salvador, e o povo ao gritar, imaginava que se referia a libertação do jugo romano. Como isso não aconteceu ao longo do tempo, ficaram frustrados em relação ao Nazareno e se desinteressaram quanto ao seu destino. Embora seja compreensível a frustração dos judeus, essa era uma situação comum a quase todas as nações naquela época, que faziam parte do império romano. Entretanto, diferentemente dos judeus, os demais povos souberam se resignar perante a dominação romana, aguardando uma mudança que só ocorreria através do tempo. As duas revoltas judaicas contra os romanos, em 66-73 e 115-117 d.C., respectivamente, causaram a destruição de Israel, culminando com a expulsão dos judeus da Palestina (diáspora). O Espiritismo esclarece que a nossa evolução intelecto moral é gradativa. Todos reencarnam conforme a sua necessidade evolutiva, submetidos as experiências terrenas segundo a lei de ação e reação. Sempre colhemos os resultados de nossas decisões, sejam edificantes ou não. Os judeus eram os mais esclarecidos espiritualmente, em relação aos povos politeístas de sua época. Todavia, devido ao seu orgulho, não tiveram a humildade necessária para se resignarem perante a expiação que fazia parte de sua programação evolutiva. Desenvolveram um ódio exacerbado contra os romanos, prejudicando o seu bom senso. Com isso, foram incapazes de reconhecer Jesus como o Messias e ainda provocaram essas duas revoltas. Criaram uma situação desastrosa que poderia ter sido evitada, pois, tinham conhecimentos suficientes para compreenderem que Deus é justo, e que a situação experimentada fazia parte dos planos divinos.

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante espírita

 

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