Minha escolha para a Câmara de Vereadores de Piracicaba

Sergio Oliveira Moraes

Minha escolha será pela continuidade de um trabalho, será por alguém que no momento exerce seu mandato, para que siga. Eu teria três opções, em ordem alfabética: Pedro Kawai (PSDB), Rai de Almeida (PT) e Silvia Morales “Mandato Coletivo” (PV). Torço para que os três sejam reeleitos. Torço pensando nos ganhos para os que se elegerem pela primeira vez, por conta do acolhimento que deles terão, do aprendizado da qualidade das proposições, dos questionamentos e argumentações, da oposição responsável. E é claro que, assim torcendo, é na qualidade dos serviços para Piracicaba que estou pensando.

Tenho, no entanto, que fazer uma escolha – e essa escolha envolve meu sentimento para com a vida e a atuação da candidata. Ao conhecer sua caminhada – vida e atuação (é só uma separação didática, eu diria) – minha escolha é Rai de Almeida. A chegada da família do norte, a vida de privações, o trabalho no corte da cana “ajudando pai” (a maneira como ela se refere ao pai que já se foi, me comove), o trabalho como doméstica, como vendedora na “Casa Portuguesa” (da saudosa família Coroa, que a queda do Comurba atingiu), sua vida de metalúrgica da Dedini (principiando e aprendendo também ali o trabalho sindical). A estudante Rai, formada em advocacia pela Unimep, mestre na área e pós-graduada em Gestão de Políticas Públicas. A mulher vereadora. Há mais, muito mais, mas o espaço é pequeno.

É urgente mais mulheres na Câmara, que as mulheres são maioria/“minorizada”, assim como pretos e pardos. Mas é importante também que seja uma mulher nordestina, que tanto preconceito sofre, infelizmente. Muitas vezes, vezes demais, assisti essa misoginia misturada a preconceito para com Rai – cenas difíceis de presenciar calado, de deixar que seja só ela a enfrentar a situação. E até por essa triste razão sua presença na Câmara é fundamental, como uma cunha a forçar o rompimento da misoginia, do preconceito pela origem do outro. E Rai, de alguma forma, resiste às feridas, mantém-se forte e segue. Talvez se lhe perguntarmos de onde vem “essa força estranha” ela nos responda com sua fé cristã (que admiravelmente ela não utiliza como trunfo político, não ostenta como um adereço, mas recebe a Palavra e busca pô-la em prática, como ensina São Tiago em sua Carta). Assim a vejo e admiro esse respeito pela própria fé e por todas as outras – seu respeito pela diversidade, seja ela de que natureza for.

E os projetos? Entre tantos, destaco sua luta para que a Pinacoteca Municipal permanecesse no local que lhe era de direito, na “Rua Moraes Barros” – sua preocupação com as obras transportadas e armazenadas sem cuidados. De sua ideia e lavra, a montagem da equipe que escreveu o projeto para transformação da Unimep Taquaral em Universidade Federal, o tombamento do patrimônio imaterial e material da EMPEM, a ideia, a montagem da equipe que escreveu o Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca de Piracicaba (PMLLLB). E por que destaco esses? Porque perder uma universidade com a história da Unimep é uma tragédia por si só, e porque levou junto a EMPEM, com sua história também. E o PMLLLB, “por uma Piracicaba leitora”? Acaso ignoramos a urgência da leitura em nosso país, piorada ao extremo em tempos de redes digitais, do atrofiamento do espírito crítico?

Há muito a contar, mas o espaço é limitado e ainda nem fiz meu agradecimento a você Rai, pela sensibilidade, pela preocupação com a educação e cultura da nossa cidade. Obrigado, Rai! Estou (estamos) com você!

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Sergio Oliveira Moraes é físico e professor aposentado Esalq/USP

 

 

 

 

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