O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização fundamental para a prevenção do suicídio, um problema que atinge milhões de pessoas ao redor do mundo. Criada em 2015 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), a campanha busca sensibilizar a população para a importância de abordar a saúde mental de maneira aberta e sem preconceitos. A cor amarela foi escolhida como símbolo dessa iniciativa por remeter à luz, à vida e à valorização da existência, destacando a necessidade de falar sobre um tema tão delicado, porém essencial.
Um dos pontos centrais da campanha é a promoção da busca por ajuda médica. Muitas pessoas ainda enfrentam dificuldades em procurar psiquiatras ou psicólogos, seja por preconceito ou por medo de julgamentos. Contudo, é fundamental compreender que esses profissionais estão preparados para ajudar a lidar com questões emocionais e mentais, proporcionando tratamentos que variam desde psicoterapias até o uso de medicações, conforme o quadro clínico de cada paciente. O acompanhamento profissional pode fazer toda a diferença no enfrentamento de transtornos mentais, como depressão e ansiedade, que frequentemente são os principais fatores de risco para o suicídio.
Além da busca por ajuda profissional, é necessário reconhecer a importância de manter uma rotina que inclua atividades de lazer, culturais e esportivas. Momentos em família, prática de hobbies, exercícios físicos e participação em eventos culturais são ferramentas poderosas para o fortalecimento da saúde mental. Essas atividades contribuem para a liberação de hormônios que melhoram o humor, como endorfina e serotonina, e ajudam a criar um equilíbrio emocional. Ao promover um estilo de vida que valorize o prazer e a alegria, combatemos a ideia de que a vida se resume apenas à produção e ao consumo, tornando-a mais significativa.
Outro ponto crucial é a necessidade de estar atento ao acúmulo de trabalho. Vivemos em uma sociedade que, muitas vezes, valoriza o excesso de produtividade e o consumo desenfreado, levando as pessoas a um ciclo incessante de produção, onde o sentido da vida acaba sendo perdido. O resultado disso pode ser um esgotamento emocional, conhecido como burnout, que, quando não tratado, pode evoluir para quadros de depressão profunda e ideação suicida. É essencial que empresas, organizações e a própria sociedade incentivem uma cultura de equilíbrio entre vida pessoal e profissional, priorizando a saúde mental dos trabalhadores.
É igualmente importante que todos nós fiquemos atentos aos sinais de que alguém pode estar sofrendo emocionalmente. Alterações no comportamento, isolamento social, falas negativas sobre a própria vida, mudanças abruptas de humor, perda de interesse em atividades antes prazerosas e até mesmo o aumento do consumo de álcool e drogas podem indicar que algo não está bem. Se percebermos esses sinais em alguém próximo, devemos oferecer apoio, escuta ativa e encorajamento para que essa pessoa procure ajuda profissional. Às vezes, um simples gesto de empatia pode salvar uma vida.
O Setembro Amarelo nos convida a refletir sobre o valor da vida e a importância de cuidar da saúde mental. Falar sobre o assunto, incentivar a busca por ajuda médica, promover atividades saudáveis e estar atento aos sinais de alerta são atitudes que podem salvar vidas. Não devemos esquecer que a saúde mental é uma prioridade, e que cuidar de si mesmo e dos outros é um ato de amor e responsabilidade.
Paulo Soares, presidente do Caphiv (Centro de Apoio ao HIV, Aids, Sífilis e Hepatites Virais).