Parlamentar esteve em audiência em Brasília, na última segunda (27), quando se reuniu com Marina Silva e André de Paula, e pediu apoio
A deputada estadual piracicabana Professora Bebel (PT) se reuniu com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e com o ministro da Pesca e da Aquicultura, André de Paula, para tratar da situação dos pescadores do bairro rural de Tanquã, que estão sem renda em função da mortandade de peixes no Rio Piracicaba, ocorrida no mês passado, fruto de um desastre ambiental provocado pela Usina São José, conforme a Cetesb.
Na audiência, em Brasília, no Ministério do Meio Ambiente, na tarde da última segunda (26), a pedido da deputada Professora Bebel, da qual também participaram técnicos dos dois ministérios, e acompanhada ainda pelo advogado Osmir Bertazzoni, por Rodrigo Weber, da Rede Sustentabilidade, e pelo pescador Gian Carlos Machado, presidente da associação SOS Rio Piracicaba, que chegou a se emocionar ao relatar os impactos provocados pela mortandade de peixes, também foi tratado sobre a situação do Rio Piracicaba, que sofre com a falta de uma ação mais efetiva voltada ao tratamento do esgoto que é despejado em todo seu percurso e da sua baixa vazão.
Diante do pedido da deputada Bebel, para que seja garantida uma renda aos pescadores que estão sem trabalho, os ministros se comprometeram a estudar um instrumento que possa garantir uma espécie de salário, por um determinado período, até que encontrem uma ocupação, para o sustento de suas famílias.
EMPRÉSTIMO — De acordo com a deputada Bebel, a ministra Marina Silva também questionou um empréstimo de R$ 25 mil a cada um dos pescadores, proposto pelo governador do Estado de São Paulo, que totalizam R$ 1 milhão, uma vez que as famílias, apesar da carência de um ano para iniciar o pagamento, teriam que pagar pelo montante tomado. “Isso não é o melhor caminho, uma vez que daqui um ano, estes pescadores continuariam sem renda, uma vez que a previsão é de que a pesca no Rio Piracicaba só deverá ser tomada à sua normalidade daqui nove anos. Com isso, esses pescadores passariam a ter uma dívida a ser paga e continuariam sem renda”, diz.
Na tentativa de resolver a situação das 40 famílias cadastradas nesta parte da bacia do Rio Piracicaba, que vivem da pesca e estão sem renda desde a mortandade de peixes, a ministra Marina Silva se comprometeu a fazer gestões junto ao governo do Estado de São Paulo para que se busque uma renda aos pescadores a fundo perdido. Marina Silva também disse que os pescadores poderiam ser socorridos tanto com recursos do município de Piracicaba, assim como através do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO).
RIO PIRACICABA — Sobre o Rio Piracicaba, que é federal, a deputada Bebel relatou a falta de uma política eficiente que possa dar conta de conseguir coletar e tratar o esgoto que vem sendo despejado em seu leito, em todo seu percurso, solicitando da ministra apoio do governo federal. Isso porque a bacia hidrográfica do rio Piracicaba localiza-se numa das regiões mais desenvolvidas do Estado de São Paulo, abrangendo importantes municípios como Bragança Paulista, Campinas, Limeira, Americana, Atibaia, Rio Claro, Santa Bárbara d’Oeste e Piracicaba, e apesar de contar com o Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, e de um comitê gestor, criado no início da década de 90, não tem sido suficiente para dar conta da demanda, uma vez que há ainda muito esgoto urbano despejado em seu leito, e muitas vezes até industrial, que é despejado clandestinamente.
IMPORTÂNCIA — Para mensurar a importância do Rio Piracicaba, que é o principal afluente do Rio Tietê, Bebel destacou ainda que é também um dos mais importantes rios paulistas e responsável pelo abastecimento da Região Metropolitana de Campinas e parte da Grande São Paulo. A deputada explicou que com a privatização da Sabesp, a previsão é de que mais água do Rio Piracicaba será desviada para o Sistema Cantareira, para abastecer a grande São Paulo, o que irá reduzir ainda mais o seu volume de água, daí a necessidade de uma ação governamental para evitar que o Rio Piracicaba praticamente desapareça.
Para se ter uma ideia da baixa vazão do Rio Piracicaba neste período do ano, Bebel contou que quando ocorreu a tragédia em função do despejo de melaço de cana e ocorreu a mortandade de pelo menos 70 toneladas de peixes, a vazão do Rio Piracicaba era de16 metros cúbicos por segundo. “Com a privatização da Sabesp, serão retirados do rio mais 10 metros cúbicos por segundo. Isso é decretar a morte do Rio Piracicaba”, declarou.
MEIO AMBIENTE — De acordo com a ministra Marina Silva, no Brasil, o grande problema no meio ambiente é que se trata de uma massa falida, fruto da ação tanto industrial e como do agronegócio e que, portanto, é necessária uma ação antes das tragédias. Diante das argumentações, a ministra ficou sensibilizada com a situação relatada sobre o Rio Piracicaba e ficou de estudar com o seu corpo técnico ações que possam contribuir para ajudar na sua recuperação.