O Brasil é uma das grandes potências mundiais do agronegócio e adoção de práticas ESG no campo tem sido uma das principais pautas do setor. Com exigências para uma produção mais sustentável, as grandes empresas têm investido em soluções para levar às lavouras inovações que viabilizem esse caminho.
No último dia de painéis da EXPO ESG 2024, um dos maiores eventos da América Latina voltado para a discussão de práticas sustentáveis no mundo corporativo, Claudio Pinheiro Machado, professor da FIA; Gustavo Fructuozo Loiola, especialista em sustentabilidade e membro da PRME ONU com forte atuação em cooperativas agrícolas; Aline Vick, diretora da Fazenda Estância; e Carolina Graça, Head de Sustentabilidade da Bayer, falaram sobre a adoção dessas práticas e como a governança está sendo importante para o avanço do ESG no agronegócio.
Durante o painel, os especialistas falaram sobre agricultura regenerativa, geração de empregos e produção sustentável de insumos. Para Claudio Machado, há necessidade de transparência do setor com o ESG e do envolvimento de todos os elos da cadeia: cooperativas, grandes indústrias, supermercados, pequeno produtor rural, ou seja, todos têm o seu papel dentro do ciclo sustentável no campo.
Um fator que vem colaborando para a adoção das práticas ESG no agro é a chegada das novas gerações ao comando das empresas e negócios rurais. “Os herdeiros do agro têm um pensamento mais fresco de como é preciso gerenciar o negócio nos dias de hoje. Eles são o futuro de uma agricultura sustentável e devem liderar esse movimento”, afirmou Claudio.
Um dos exemplos desse movimento vem de Aline Vick, da Fazenda Estância, que tem como foco a agricultura regenerativa. Hoje, a Fazenda usa principalmente microrganismos e faz a ocupação do solo durante todo o ano como forma de proteção e garantia de uma produção sustentável. A Estância faz parte do ProCarbono, maior programa de carbono do agro brasileiro, com abrangência em 16 estados brasileiros em 220 mil hectares.
O programa já realizou mais de 300 mil análises de solo e com ganho médio de mais de 11% de produtividade e 16% de sequestro de carbono. Com um portfólio de soluções para agricultores e indústria, a expectativa para a safra 24/25 é alcançar 1 milhão de hectares e oferecer a mensuração da pegada de carbono para os cultivos de soja e milho.
“A agricultura regenerativa é um caminho sem volta. Os produtores vão aprender isso pelo amor ou pela dor. É importante olhar o que fazíamos antes e mudar. O Brasil tem tudo para ser protagonista e ser exemplo de um modelo sustentável para o mundo”, afirmou Aline.
Para Carolina Graça, da Bayer, as empresas do setor têm uma responsabilidade com a sociedade e devem usar da tecnologia para promover ESG em escala, com uma produção maior, com mais qualidade e com agricultura regenerativa. Até 2030, a Bayer se compromete a ser neutra em carbono e a neutralizar o impacto climático. Até o final de 2029, a empresa reduzirá as emissões de CO2 das próprias operações comerciais em 42%, aumentando a eficiência energética nas instalações e fornecendo 100% de eletricidade a partir de energias renováveis.
“Estamos usando inteligência artificial, trabalhando com diferentes organizações e apoiando a produção de biocombustíveis no Brasil, inclusive estimulando o uso de plantas de cobertura para este fim. Sabemos da nossa responsabilidade e estamos investindo para avançar na agenda ESG”, disse Carolina.
Na visão de Gustavo Loiola, o agronegócio brasileiro precisa se adaptar às novas legislações que impõem uma produção mais sustentável, para não perder mercado. Além disso, o governo federal, por exemplo, já está exigindo práticas ESG para a liberação de recursos para o agro. “O agronegócio brasileiro é uma referência no mundo e o produtor precisa se reinventar e reprogramar os seus processos, avançando na adoção do ESG na produção”, completou.