#FALAPAULOSOARES – Hepatites virais: prevenção, sintomas e os tratamentos disponíveis no SUS

As hepatites virais representam um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. São inflamações do fígado causadas por diferentes tipos de vírus, cada um com características próprias, modos de transmissão, sintomas e tratamentos específicos. Neste artigo, abordaremos as hepatites A, B, C, D e E, detalhando suas formas de prevenção, sintomas e os tratamentos disponíveis, com ênfase nos serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

 

HEPATITE A

A hepatite A é transmitida principalmente pela ingestão de alimentos e água contaminados com o vírus (HAV). A prevenção inclui práticas de higiene, como lavar as mãos regularmente, consumir água potável e alimentos bem cozidos. A vacinação também é uma medida eficaz e está disponível no SUS para crianças, viajantes a áreas endêmicas e grupos de risco.

Sintomas: Os sintomas da hepatite A podem incluir febre, fadiga, perda de apetite, náuseas, vômitos, dor abdominal, urina escura, fezes claras e icterícia (pele e olhos amarelados). Muitas vezes, a infecção é assintomática, especialmente em crianças.

Tratamento: Não há um tratamento específico para a hepatite A. O manejo é de suporte, focando no alívio dos sintomas. A doença geralmente é autolimitada, com recuperação completa em algumas semanas ou meses.

 

HEPATITE B

A hepatite B é transmitida pelo contato com sangue e fluidos corporais infectados, incluindo relações sexuais sem proteção, compartilhamento de seringas e de mãe para filho durante o parto. A vacinação é a principal forma de prevenção e faz parte do calendário nacional de imunizações do SUS, disponível para recém-nascidos, adolescentes e adultos não vacinados.

Sintomas: Os sintomas da hepatite B podem variar de leves a graves e incluem febre, fadiga, perda de apetite, náuseas, vômitos, dor abdominal, urina escura, fezes claras e icterícia. Em alguns casos, a infecção pode se tornar crônica, levando a complicações como cirrose e câncer de fígado.

Tratamento: Para a hepatite B aguda, o tratamento é sintomático. Para casos crônicos, o SUS oferece medicamentos antivirais que ajudam a reduzir a carga viral e a progressão da doença, como o tenofovir e o entecavir.

 

HEPATITE C

A hepatite C é transmitida principalmente pelo contato com sangue contaminado, sendo comum entre usuários de drogas injetáveis que compartilham seringas. A prevenção inclui o uso de seringas descartáveis, a não compartilhamento de objetos cortantes e práticas sexuais seguras. Não há vacina disponível para a hepatite C.

Sintomas: Os sintomas da hepatite C podem ser leves e inespecíficos, como fadiga, depressão e dor muscular, ou mais graves, como icterícia, urina escura e dor abdominal. Muitos casos evoluem para a cronicidade, podendo levar à cirrose e câncer de fígado.

Tratamento: O SUS disponibiliza medicamentos antivirais de ação direta, como sofosbuvir, daclatasvir e velpatasvir, que têm altas taxas de cura e são administrados por via oral por um período de 12 a 24 semanas.

 

HEPATITE D

A hepatite D ocorre somente em pessoas já infectadas pelo vírus da hepatite B, pois o HDV depende do HBV para se replicar. A prevenção é feita indiretamente através da vacinação contra a hepatite B.

Sintomas: Os sintomas são semelhantes aos da hepatite B, mas a coinfecção com o HDV pode levar a uma doença mais grave e rápida progressão para cirrose e insuficiência hepática.

Tratamento: O tratamento da hepatite D é mais complexo e menos eficaz que o das outras hepatites. No SUS, o interferon peguilado é utilizado, mas sua eficácia é limitada.

 

HEPATITE E

A hepatite E é transmitida principalmente pela ingestão de água contaminada com o vírus (HEV). A prevenção inclui o saneamento básico adequado e a prática de higiene alimentar.

Sintomas: Os sintomas da hepatite E são semelhantes aos da hepatite A, incluindo febre, fadiga, perda de apetite, náuseas, vômitos, dor abdominal, urina escura, fezes claras e icterícia. A doença é geralmente autolimitada, mas pode ser grave em gestantes.

Tratamento: Não há tratamento específico para a hepatite E. O manejo é de suporte e focado no alívio dos sintomas. A recuperação geralmente ocorre em algumas semanas.

 

As hepatites virais são um desafio significativo para a saúde pública, mas com as medidas adequadas de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento, é possível controlar e até curar muitas dessas infecções. O SUS desempenha um papel crucial ao fornecer acesso gratuito a vacinas, testes diagnósticos e tratamentos, contribuindo para a redução da morbidade e mortalidade associadas a essas doenças. A conscientização da população sobre a importância da prevenção e do tratamento é fundamental para avançarmos na luta contra as hepatites virais.

 

Paulo Soares, diretor-presidente do Caphiv (Centro de Apoio ao HIV, Aids, Sífilis e Hepatites Virais).

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