Antonio Oswaldo Storel
Uma das condições mais importantes para a realização do ser humano como pessoa é ter família e ter onde morar. A condição física se junta à condição humana para definir que temos um lar. Uma condição complementa a outra para oferecer a cada um de nós aquela sensação de realização e do que podemos considerar o sentimento mais profundo e sincero de felicidade. Já não sou eu ou você, mas somos nós, esposo, esposa, filhos e netos. E quando estamos todos reunidos neste bendito lugar, sentimos ainda mais forte a presença de Deus no meio de nós.
A nossa casa tem uma história muito especial para a nossa vida. Ela foi construída com a ajuda de muitos amigos que, liderados por um “irmão” muito especial, o Jova Martini, que já se foi deste mundo, mas que nos deixou, gravada no coração, a sua imagem de solidariedade e amizade para todo o sempre. Quando ela ficou em condições de morarmos, ainda sem alguns acabamentos, celebramos uma missa em que todos os amigos, parentes e vizinhos compareceram trazendo algum donativo para que o nosso querido Padre Daniel Stênico pudesse levar ao povo que ele ajudou a evangelizar lá no meio do sertão baiano, em suas viagens constantes de espírito missionário. E o Pe. Daniel, após a consagração, pediu que eu levasse a todos os cômodos da casa, numa visita muito especial, Jesus Sacramentado. Era um gesto concreto de agradecimento a Deus por termos conseguido vencer o desafio de ter a nossa casa através de um verdadeiro mutirão de amigos. Isso aconteceu em junho de 1988.
E nesses 36 anos que aqui estamos vivendo, essa nossa casa se tornou para nós, um ícone da força da amizade, da solidariedade, e aqui nossa família vive a feliz realidade do nosso lar. Já repetimos algumas vezes a celebração da missa doméstica com Pe. Daniel arrecadando donativos para levar ao sertão baiano ou com Pe. Kleber que era o nosso pároco. Cuidamos dela como se fosse a nossa Igreja doméstica e acreditamos mesmo que ela seja!
Mas em nossa casa existe um lugarzinho muito especial onde eu mais gosto de ficar. Num jardim em que minha esposa Mari dedica cuidados muito especiais, sentado debaixo de uma espécie de “cobertura” de primavera, me sento para ler ou tomar um aperitivo e me ponho a meditar sobre o capricho de Deus, observando as flores do nosso jardim.
A começar com a própria primavera que forma aquela agradável cobertura, nas cores branca , vermelha, lilás, alaranjada e cujas flores vão caindo ao chão e formando aquele maravilhoso tapete multi colorido. Os chamados “camarões” amarelos com suas pétalas brancas que os beija flores adoram sugar o néctar, uma a uma. Os “camarões” vermelhos, os “beijos” vermelhos, lilás e outras cores, as azaléias, as orquídeas maravilhosas que a cada espaço de tempo nos oferecem a maravilha de sua beleza e seu inigualável perfume. A “boa noite” lilás, o lírio branco e as inúmeras folhagens como as samambaias simples e “de metro” e as “rendas portuguesas” vicejando por entre a era verde do muro e as primaveras. Por fora, na calçada, a delicada “bela emília” com suas florinhas azuis em toda a extensão da calçada. A outra “boa noite” branquinha que cresce em forma de cipó por entre a primavera e que exala um perfume maravilhoso que penetra pela sala da casa nas noites gostosas de verão.
No meio de tudo, algumas plantas frutíferas. Como um mamoeiro em que vamos colhendo e degustando no café da manhã. Um pé de romã e outro de goiaba que já produziram muitos frutos, todos nascidos expontaneamente, alem do maracujá que já tivemos e colhemos farta produção, mas que foi preciso acabar por causa das lagartas. Além dos passarinhos que atraímos com as bananas ou mamão que colocamos e o xaropinho de água e açúcar para os beija flores e os cebinhos. São muitos sanhaços, bem te vis, sabiás e outros de plumagem muito lindas que já se tornaram nossos hóspedes freqüentes. Alem de um casal de gambá que nos visita todas as noites a procura das bananas que a Mari lhes oferece.
Às vezes me pego extasiado com tudo isso e louvo a Deus pela sua grandiosidade e bondade em nos permitir viver tudo isso. E oro pelos amigos, pela minha família, pelos meus pais. Enfim, as flores do nosso jardim me ajudam a dar graças a Deus pela vida!
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Antonio Oswaldo Storel, membro do IHGP, ex-vereador (1997-2001), ex-presidente da Câmara Municipal de Piracicaba (2001-2002)