Números indicam que a Santa Casa de Piracicaba está entre os hospitais que apresentam os menores índices de letalidade pelo novo coronavírus (Covid-19) na cidade e região. Enquanto o Brasil apresenta 4,2% de letalidade, este índice na Santa Casa é de 1,5%. Segundo o médico infectologista Hamilton Bonilha, coordenador do SCIH (Serviço de Controle de Infecção Hospitalar da Santa Casa), o resultado é fruto de ações preventivas implantadas com antecedência, principalmente o uso obrigatório de máscaras faciais para todos os médicos e colaboradores no dia 23 de março, antes mesmo de hospitais universitários, hospitais privados de referência em São Paulo e das determinações da OMS (Organização Mundial de Saúde) e dos decretos estaduais e municipais.
Segundo Hamilton Bonilha, a ação que contou com total apoio da Mesa Diretora e Administrativa e Diretorias técnica e clínica da instituição, foi crucial no sentido de prevenir a transmissibilidade do vírus Sars-COV 2. “Ao proteger nossos profissionais, além de minimizar os riscos de transmissibilidade extra e intra-hospitalar, reduzimos as chances de perder profissionais capacitados e especializados na assistência efetivada da doença”, explicou.
Outro fator que impactou na qualidade de assistência do hospital, foi a definição e implantação de fluxos adequados para o atendimento inicial aos pacientes suspeitos e confirmados, em prédio situado na área externa, com estrutura física já utilizada anteriormente como ambulatório médico, com o objetivo de reduzir o risco de contaminação, facilitar o diagnóstico clínico e laboratorial, decidir sobre a necessidade de internação hospitalar e monitoramento domiciliar.
Segundo Bonilha, a Santa Casa conta com 18 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no segundo andar do Hospital Santa Isabel, com acesso por elevador exclusivo para o transporte desses pacientes e enfermaria com oito leitos de observação. É também o único hospital da cidade a oferecer leitos pediátricos infantis de UTI e enfermaria para a Covid-19 pelo SUS (Sistema Único de Saúde), na Pediatria Menino Jesus (PMJ).
“A ampla e moderna estrutura montada especificamente para a Covid-19 evitou que o hospital utilizasse os 55 leitos de UTI que a instituição já mantinha antes da pandemia em suas duas UTIs Adulto, UTI Cardiológica, UTI Neonatal e UTIs Pediátricas”, disse o infectologista ao destacar também o apoio da Secretaria Estadual da Saúde/Departamento Regional da Saúde (DRS X), que destinou cinco respiradores mecânicos à instituição em complemento ao arsenal tecnológico instituído.
Bonilha revela que a instituição não poupou esforços também para disponibilizar e agilizar os resultados de exames, inclusive para os pacientes do SUS. “Mantemos parceria com o Laboratório Dasa e isso tem permitido que os resultados dos exames saiam em até 48 horas”, observou Bonilha, lembrando que a Santa Casa disponibiliza os três tipos de exames disponíveis no mercado brasileiro para a Covid-19, que são os exames sorológicos, os de pesquisa do vírus e os testes rápidos.
Segundo o infectologista, entretanto, o resultado positivo de todo esse investimento se deve, sobretudo, ao staf de profissionais altamente qualificados, com médicos diaristas e equipes multiprofissionais que atuam em consonância com os protocolos institucionais, visando à prevenção e a assistência qualificada. Ele revela que a adesão a esses protocolos intra-hospitalar e a manutenção das ações no ambiente extra-hospitalar são de fundamental importância na redução da transmissibilidade desse vírus, altamente contagioso.
EPI (Equipamentos de Proteção Individuais), roupas privativas, máscaras faciais adequadas, sapatos diferenciados que permanecem no hospital, são medidas instituídas para ampliar o nível de segurança aos médicos e colaboradores das áreas exclusivas para Covid-19. Bonilha relata que, desde o início da pandemia, 805 casos suspeitos de Covid-19 foram atendidos na Santa Casa. Destes, 263 confirmados (33%) e quatro óbitos (1,5 %) de pacientes com média de idade de 76 anos.
Com o objetivo de atenuar os transtornos emocionais dos funcionários decorrentes dessa pandemia, em complemento a toda estrutura instalada, a Santa Casa implantou o Espaço ComVida, para oferecer apoio psicológico com o objetivo de minimizar o impacto da mudança radical do estilo de vida e orientar sobre como lidar com o medo da contaminação. “Portanto, fica evidente que a Santa Casa de Piracicaba não está medindo esforços para oferecer mecanismos eficazes para evitar a transmissão dentro do ambiente hospitalar entre profissionais e pacientes”, afirmou Bonilha, ressaltando que para prestar assistência qualificada à população de Piracicaba e região a instituição segue à risca as orientações e recomendações técnicas do Comitê Covid do hospital.
Santa Casa esclarece dúvidas de familiares
A Santa Casa de Piracicaba vem a público esclarecer as informações que estão sendo erroneamente veiculadas nas redes sociais pela família de uma paciente de 88 anos, que foi a óbito nas dependências do hospital, na última quarta (17). A família alega que a Santa Casa lavrou certidão de óbito tendo como causa a Covid e que a paciente teria falecido de problemas cardíaco-pulmonares que vinham comprometendo sua saúde há tempos. “Cumpre-nos, entretanto, esclarecer que o fato não é verifico, pois a instituição não lavra certidão de óbito por Covid sem comprovação da doença por meio de testes específicos”.
Desde o início, devido ao quadro geral da paciente, o caso foi tratado como suspeita de Covid associada a outras patologias e, como tal, teve a assistência direcionada com base nos protocolos implantados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para essas situações, que exige atendimento diferenciado em ala exclusiva, de forma a proteger a própria paciente, familiares, profissionais da saúde e a comunidade em geral. A paciente foi, então, internada em enfermaria específica para observação dos casos suspeitos; espaço que funciona em local separado dos leitos de UTI ocupados por pacientes portadores da doença.
A frase “suspeita de Covid” não significa que o óbito ocorreu devido à Covid e nem entra para contabilidade de mortes da pandemia; mas cumpre exigências impostas pelos rígidos protocolos do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual de Saúde para informar sobre a suspeita no óbito, de forma que os protocolos de segurança com relação ao sepultamento sejam adotados, afim de evitar exposição dos profissionais da saúde, funerários, familiares, amigos e parentes do paciente.
A situação foi exposta aos familiares com todas as dúvidas sanadas e a Santa Casa continuará adotando as medidas necessárias para preservar a saúde, a segurança e a vida de seus pacientes, funcionários e demais envolvidos na complexa e qualificada assistência direcionada à Covid-19 pela instituição.