Gregório José
Imagine uma cidadezinha no coração de Minas Gerais, onde cada nota de uma nova moeda local carrega consigo não apenas valor monetário, mas a promessa de um futuro mais próspero e autossuficiente. É assim que Resplendor e Mato Verde estão redescobrindo seu potencial econômico com a Ubérrima e a Verdinha. É exatamente isso que está acontecendo em algumas regiões de Minas Gerais, onde a introdução de moedas locais, como a “Ubérrima” em Resplendor e a “Verdinha” em Mato Verde, se apresenta como uma luz no fim do túnel para pequenas comunidades sufocadas por pressões econômicas.
O programa “Moedas Locais do Sebrae Minas” é uma resposta ousada e inovadora às dificuldades que os municípios enfrentam. Mais de 20 prefeituras mineiras já manifestaram interesse, e não é difícil entender por quê. Em um cenário onde a globalização e a centralização econômica drenam recursos das pequenas cidades para os grandes centros, as moedas locais emergem como uma ferramenta de resistência e revitalização econômica.
A criação e a circulação dessas moedas são mais do que simples atos simbólicos; são estratégias pragmáticas para reter riqueza dentro das comunidades. Enquanto o mundo observa as grandes metrópoles como os motores da economia, é nas pequenas comunidades que a verdadeira inovação acontece. As moedas locais de Minas Gerais são um testemunho de que, em tempos de crise, a solução muitas vezes reside na capacidade de reinventar o próprio futuro.
Além disso, o Fundo Monetário Municipal, que sustenta essas moedas, oferece uma forma inovadora de geração de receita. Esse fundo, onde são depositados os recursos a cada nova emissão, assegura que mesmo os municípios mais pobres possam manter a sustentabilidade do programa. Isso é crucial para regiões que sofrem com a falta de liquidez e a fuga de capitais para cidades maiores e mais dinâmicas.
Atualmente, o Sebrae Minas está focado em avaliar a circulação das moedas Ubérrima e Verdinha, validando seu formato e acompanhando os benefícios trazidos para os envolvidos. Este é um processo meticuloso que pode levar até um ano, envolvendo várias etapas para garantir que essas moedas cumpram seu propósito sem causar distorções econômicas indesejadas.
Em regiões onde a economia local está sob pressão, as moedas locais podem atuar como um baluarte contra a drenagem de recursos para cidades maiores.
A experiência brasileira com moedas sociais, como “a Mumbuca” em Maricá e a “Palmas”, no Ceará, oferece uma visão valiosa. Esses projetos mostraram como as moedas locais podem fomentar o desenvolvimento econômico inclusivo e sustentável. A diferença agora é que as moedas locais são mais do que um exercício de criatividade financeira; elas são uma manifestação de resiliência e de adaptação a realidades econômicas desafiadoras.
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Gregório José, jornalista, radialista, filósofo