Ex-vereadora – Fotos digitalizadas retratam velório de Ditinha Penezzi

Cortejo com o corpo de Ditinha Penezzi saindo da Câmara Municipal de Piracicaba. CRÉDITO: Davi Negri

 

Setor de Gestão de Documentação e Arquivo disponibiliza 14 imagens das últimas homenagens à primeira mulher eleita para uma cadeira no legislativo piracicabano

 

 

Em 26 de junho de 1985, portanto há 39 anos, Piracicaba se despedia de Maria Benedita Penezzi, carinhosamente conhecida como Ditinha Penezzi. O velório e o cortejo daquela que marcou a história política e social da cidade foram imortalizados em 14 fotografias de Davi Negri e que agora integram o Acervo Histórico da Câmara Municipal de Piracicaba.

Essas imagens, partes de um acervo de negativos que o Setor de Gestão de Documentação e Arquivo está digitalizando há cerca de um ano, são um tributo visual a uma mulher que, com coragem e determinação, desafiou o status quo e cravou seu nome na memória piracicabana. Elas retratam o velório, ocorrido no hall salão nobre da Câmara, e o cortejo, passando pela Rua Moraes Barros e chegando até o Cemitério da Saudade, onde o corpo de Ditinha Penezzi foi sepultado.

Em uma época em que um certo ‘machismo cordial’, Ditinha ergueu sua voz em defesa dos mais desfavorecidos, trazendo ao Legislativo pautas sociais de extrema relevância. Sua eleição e seu reconhecimento foram resultados de uma vida dedicada à luta por igualdade e justiça social.

Nascida em Piracicaba em 1917, Ditinha candidatou-se ao cargo nas eleições de 1955, pelo populista Partido Social Progressista (PSP), extinto em 1965. Durante seu mandato, dedicou-se a inúmeras causas sociais.

Alguns dos requerimentos apresentados pela então vereadora, o de número 287/1956 solicitava que o prefeito e o delegado estudassem a construção de uma sala anexa à cadeia pública municipal para acolher os menores de idade que cometessem delitos. À época, todos os presos eram mantidos juntos no mesmo local, independentemente da idade.

Já o requerimento 240/1956 solicitava o restabelecimento do albergue público noturno. No texto da propositura, ela defende que “são numerosos os pobres que, ao transitar por esta cidade, nem sempre encontram um abrigo para repouso noturno”.

O jornalista Cecílio Elias Netto descreve a atuação da parlamentar como “polêmica”, mas ressalta que ela se portava de “maneira valente, ainda que doce”, frente ao machismo que certamente enfrentou à época.

As 14 fotografias incluídas no Acervo Histórico retratam não apenas a despedida de uma líder, mas a reverência de uma comunidade que reconheceu sua importância. Cada imagem é um testemunho da profunda conexão de Ditinha com o povo piracicabano. O cortejo fúnebre é um reflexo do impacto de sua vida e obra na cidade.
Em 2022, a ex-vereadora Ditinha Penezzi passou a denominar a Tribuna do Plenário Francisco Antonio Coelho, da Câmara, a partir de uma iniciativa da vereadora Silvia Morales (PV), do mandato coletivo “A Cidade é Sua”, que apresentou o projeto de resolução 3/2022.

DIGITALIZAÇÃO DE FOTOGRAFIAS –  A Câmara realiza um trabalho de preservação de sua memória histórica por meio da digitalização de milhares de negativos de fotografias produzidas entre 1985 e 2004. Esse projeto ambicioso, coordenado pela chefe do Setor de Gestão de Documentação e Arquivo, Giovanna Calabria, tem como objetivo resgatar e preservar momentos da história legislativa e cotidiana da cidade.

Os negativos, capturados pelos fotógrafos que passaram pelo Departamento de Comunicação, registram uma vasta gama de eventos e cenas. Desde momentos históricos marcantes, como o velório e cortejo da ex-vereadora Ditinha Penezzi, até o cotidiano dos vereadores que atuaram na Câmara durante quase duas décadas. Este acervo é um tesouro visual que oferece uma janela para o passado, permitindo que as futuras gerações compreendam a trajetória política e social de Piracicaba.

Giovanna Calabria destaca a importância desse trabalho de digitalização. “Estamos lidando com registros visuais que documentam não apenas eventos solenes e públicos, mas também o dia a dia dos vereadores, capturando a essência de suas atividades e interações. Cada imagem conta uma história, e preservar essas histórias é fundamental para manter viva a memória institucional e coletiva da nossa cidade”, afirma Giovanna.

O processo de digitalização é minucioso e exige um trabalho detalhado e cuidadoso. Samara Lopes, estagiária do setor, é a responsável pela digitalização dos negativos, sob a coordenação de Giovanna.

Até o momento, cerca de oito mil negativos já foram digitalizados, mas ainda há milhares a serem processados. Este trabalho contínuo e dedicado reflete o compromisso da Câmara Municipal com a preservação de sua história e com a transparência de suas atividades.

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