Um ministro para comunicar e pacificar

Dirceu Gonçalves 

 

A disposição do presidente Jair Bolsonaro, de melhorar a comunicação no seu governo, é algo positivo. Temos de compreender que boa parte dos problemas que hoje enfrenta não existiria se desde o começo a estrutura de comunicação estivesse em mãos de profissionais e longe do círculo familiar e emocional. Qualquer governante – principalmente o voluntarioso Bolsonaro – precisa ter na área alguém em que possa confiar e que, até em razão dessa confiança, tenha liberdade para, especialmente nos momentos de tensão, demovê-lo de atitudes extremadas, das quais normalmente todos nos arrependemos quando a raiva passa. Isso não impede que continuem ajudando no governo, o filho Carlos e outros que foram importantes na campanha. Mas com o necessário comedimento de quem hoje é governo, tem a missão de guardar o telhado e, por isso, não deve atirar pedras para o alto e nem permitir ou incentivar que outros o façam.

O presidente e sua equipe enxugaram verbas publicitárias que entenderam indevidas, o que provocou o revide dos outrora beneficiados. Deveria, porém, ser aconselhado a não confrontar diretamente com os veículos de comunicação e nem com os repórteres que o abordam, mesmo quando a pergunta dirigida é capiciosa, indevida, cretina ou até desonesta. Basta não responder, como sempre fizeram os chefes de Estado, inclusive os do regime militar (exceção a João Figueiredo que, no entanto, teve grandes dissabores por conta disso). Se mantiver a paciência e a contenção que sua investidura aconselha, tais ataques logo diminuirão ou até cessarão, pois, como se diz na redação, não estarão “rendendo”.

Embora seja uma informação, preferimos não atribuir ao fato de ser genro de Silvio Santos a decisão da investidura de Fabio Faria no posto de Ministro das Comunicações. Queremos crer que pesou mais ser ele membro de uma família de alto prestígio político e detentora de veículos de comunicação no Rio Grande do Norte, ter atuado na área antes de eleger-se deputado e, atualmente, ser um parlamentar com bom trânsito entre seus pares. Alguém com perfil para a estratégica missão.

Bolsonaro não pode ignorar que todos os governos que o antecederam não abriram mão da assessoria de uma boa e profissional comunicação, composta por jornalistas competentes e comprometidos com seus propósitos. Finalmente, começa a dar a feição de seu governo ao setor – que teve de desmontar porque foi aparelhado ideologicamente por gestões anteriores – colocando à sua frente alguém do ramo, em quem pode confiar. É preciso agora deixá-lo trabalhar e protegê-lo das cascas de banana que setores do próprio governo possam colocar em seu caminho.  Com isso, receberá como retorno, a estabilidade necessária a todo governante para cumprir as tarefas do seu programa. Oxalá tudo dê certo e a transformação se concretize…

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Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da Aspomil (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo); [email protected]               

 

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