Vamos aprofundar o debate

Giuliano Pereira D’Abronzo

 

Nada melhor do que estudar profundamente algo para poder dialogar sobre esse algo. É importante, pois, atrelar o significante (a palavra escrita) com o seu significado (o algo nominado, caracterizado, especificado) pela palavra.

Para tornar mais fácil esse entendimento, peguemos um fruto de uma macieira. A fruta maçã é o significado. Já a palavra que dá nome “maçã”, é o significante.

Após essa brevíssima explicação, vejamos o que hoje acontece. Há palavras que caíram no gosto de alguns segmentos da sociedade e repetem-na aos quatro ventos, muitas vezes adjetivando outros grupos, normalmente de forma ofensiva.

Vamos pegar um desses exemplos, a palavra fascista (seguidor do fascismo). A origem dessa palavra vem do latim fasces que é um feixe de varas ou hastes amarradas em um machado. É para simbolizar que um indivíduo sozinho (uma haste) é fraco, enquanto o feixe com todas as hastes (a sociedade) é forte.

Sem adentrarmos muito na simbologia político-filosófica disso, observa-se que quem adotou esse símbolo foi Benito Mussolini, que fora membro do Partido Comunista Italiano. Ora, aí está, pois algo a se observar, o termo fascismo nasce a partir de um político que fizera parte das fileiras comunistas. Conhecedor dos ideais do socialismo/comunismo, Mussolini resolve desenvolver um sistema que se amolda à realidade italiana, já que a classe proletária na Itália não era grande. Ora, como criar uma revolução proletária sem ter proletários? Assim, Mussolini encontra outro fator, o símbolo nacional, como elo para unir o povo italiano.

Ao fundar o partido fascista, Mussolini traz consigo inúmeros princípios e valores defendidos pelos comunistas, quais sejam, totalitarismo, partido único, controle da estatal da economia, populismo, sem liberdade da imprensa, sindicato subordinado ao Estado, todas essas características do comunismo/socialismo.

A intenção do fascismo é, como no comunismo, diminuir a importância do indivíduo, para dar maior importância ao estado, ao coletivo. O indivíduo não é nada ante o Estado e ao Estado deve submeter-se. Isso aconteceu nos Estados fascistas, nazista, comunistas/socialistas. Não há liberdade. Há apenas subordinação à vontade estatal. Em última análise, submissão à vontade do líder populista, que se torna o símbolo máximo desse regime e que se julga acima da lei.

Talvez a grande diferença entre o fascismo e o comunismo esteja no fato de que aquele privilegia o aspecto nacional, a identidade nacional. Já este quer a quebra desses valores. No entanto, há muitas semelhanças entre ambos os regimes, fascismo e comunismo.

Aí está, pois uma explicação, ainda que extremamente sucinta, do que é o significante, a palavra fascista, e que deve ser vinculada com o seu real significado, qual seja um regime totalitário, populista, que controla a economia, sem liberdade da imprensa. Parece-me que é necessário estudar um pouco mais para aprofundar o debate. Será que há esse estudo aprofundado do tema ou só é tratado de forma rasa e superficial?

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Giuliano Pereira D’Abronzo, bacharel em Direito, servidor público federal

 

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