Chemsex: entre o prazer e os riscos desta mistura

Nos últimos anos, uma prática que mistura sexo e o uso de substâncias psicoativas tem ganhado espaço em diversos meios sociais. Conhecido como “chemsex”, esse fenômeno tem despertado debates sobre seus efeitos, riscos e consequências para a saúde mental e física dos envolvidos. Neste artigo, irei abordar a origem do chemsex, como se popularizou e quais cuidados devem ser tomados ao se envolver nessa prática.

O termo “chemsex” deriva da junção das palavras “chemical” (químico) e “sex” (sexo) e refere-se ao uso de substâncias psicoativas, como metanfetaminas, GHB, mefedrona e outros entorpecentes, para intensificar a experiência sexual. Originado principalmente em comunidades LGBTQ+, o chemsex tem sido associado a festas privadas, encontros em aplicativos de relacionamento e ambientes de clubes noturnos.

A popularização do chemsex pode ser atribuída, em parte, à facilidade de acesso a drogas sintéticas e ao aumento da aceitação cultural do uso recreativo de substâncias psicoativas. Além disso, a disseminação da prática por meio das redes sociais e aplicativos de encontros contribuiu para a sua expansão entre diferentes grupos sociais.

No entanto, é importante destacar os riscos e cuidados envolvidos no chemsex. O uso de drogas durante o sexo pode levar a comportamentos de risco, como sexo sem proteção, aumento da exposição a doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e diminuição da capacidade de consentimento. Além disso, o uso excessivo de substâncias psicoativas pode resultar em dependência química, danos cerebrais, problemas cardíacos e até mesmo overdose.

Portanto, é essencial que os praticantes de chemsex estejam cientes dos potenciais riscos e tomem medidas para reduzir danos. Isso inclui o uso de preservativos em todas as relações sexuais, o conhecimento dos limites pessoais em relação ao consumo de drogas, a manutenção da hidratação e a busca por ajuda profissional em caso de dificuldades com o uso de substâncias.

Além disso, é fundamental promover uma cultura de consentimento e respeito mútuo no contexto do chemsex, garantindo que todas as partes envolvidas estejam conscientes e de acordo com as atividades realizadas. A comunicação aberta e honesta sobre desejos, limites e preocupações é fundamental para uma experiência segura e saudável.

Em última análise, o chemsex é uma prática complexa que envolve uma série de questões relacionadas à saúde, sexualidade e bem-estar. Embora ofereça a possibilidade de intensificar a experiência sexual, é crucial abordá-lo com responsabilidade, informação e cuidado. A educação sobre os riscos e precauções associados ao chemsex é essencial para proteger a saúde e a segurança dos indivíduos envolvidos, garantindo que o prazer não venha com um preço muito alto.

 

Paulo Soares, presidente do Caphiv (Centro de Apoio ao HIV, Aids, Sífilis e Hepatites Virais).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima