Alvaro Vargas
Os estudiosos do aspecto comportamental dos jovens apontam que a dificuldade de comunicação e os conflitos entre pais e filhos sempre ocorreram em nossa História. Independentemente das análises e estudos realizados, para que esta questão possa ser mais bem compreendida, é imperativo que as implicações espirituais não sejam negligenciadas. Somos Espíritos imortais, e necessitamos do mecanismo reencarnatório para evoluir. Entretanto, como nesta jornada nem sempre nos conduzimos de forma digna, trazemos os hábitos negativos arraigados em nosso Espírito, que despertam mais intensamente na adolescência e provocam atitudes e ações pouco edificantes, gerando os conflitos familiares. Nesta fase, o jovem geralmente fragiliza os laços paternos e estabelece novas relações com amigos, chegando a considerá-los tão importantes quanto a sua família. Conforme Allan Kardec (O Livro dos Espíritos, questão 385), a razão para esta mudança no caráter jovem é a sua essência espiritual, retomando a natureza que lhe é própria, se apresentando como é realmente. O Espírito André Luiz (XAVIER, F. C. Missionários da Luz, cap. 2), analisando o período da puberdade, cita que “a glândula pineal se reajusta ao concerto orgânico e reabre seus mundos maravilhosos de sensações e impressões na esfera emocional. Entrega-se a criatura à recapitulação da sexualidade, examina o inventário de suas paixões vividas noutra época, que reaparecem sob fortes impulsos”.
Segundo o Espírito Joanna de Ângelis (FRANCO, D. P. Adolescência e Vida, cap. 2), “na adolescência, o despertar da sexualidade é como o romper de um dique, no qual se encontram represadas forças incomensuráveis, que se atiram, desordenadas, produzindo danos e prejuízos em relação a tudo quando encontram pela frente”. Por isto é importante que os jovens sejam convenientemente orientados, recordando que mesmo sem o desejarem, os pais lhes servem de modelo, porquanto os hábitos que se arraigarem no jovem permanecerão como definidores do seu comportamento para toda a existência física. Esta mentora espiritual (FRANCO, D. P. Estudos espíritas, cap. 17), ainda considera que “enquanto o homem não adquire o legítimo amadurecimento espiritual que o faz Espírito adulto, não pode viver em regime de liberdade total, por faltar-lhe responsabilidade”. Portanto, os pais não devem se eximir de orientar as crianças e os jovens conforme a sua crença religiosa. Deixá-los livres para decidirem a sua opção religiosa apenas quando atingirem a fase adulta, seria um equívoco, pois, vivenciando um ambiente de religiosidade compatível com os exemplos que recebe, eles terão mais subsídios para lidar com a dinâmica da vida. Mesmo que mais tarde decidam não fazer uma opção religiosa, ainda assim, a base ética e moral que adquiriram contribuirá para a sua formação como homens de bem.
Atravessamos, no momento, um período de provações coletivas para a Humanidade (Mateus, 24), necessárias para a promoção da Terra como mundo de regeneração. O Espírito Camilo (TEIXEIRA, R. O tempo de Deus, cap. 10), se dirigindo aos espiritistas, considera “uma das mais graves omissões que se pode praticar para com o jovem que enfrenta os tempos ásperos e escuros do mundo, na atualidade, é deixá-lo na ignorância a respeito de sua condição de Espírito reencarnado”. Cada um dos Espíritos dessa nova geração achará, no campo majestoso dos ensinamentos espíritas, o Deus e a crença que sempre sonhou encontrar: um Deus que não pune, porque ama, numa religião que não constrange, uma vez que não nasceu das desarmonias e conflitos internos de teólogos, mas da misericórdia dos Imortais para com as carências humanas, e de uma vivência da crença sem preconceitos, posto que o Espiritismo nos demonstra que todos somos irmãos, filhos do mesmo Criador, recebedores das mesmas chances de progredir nas veredas cósmicas da evolução.
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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo, Ph.D, presidente da USE-Piracicaba, palestrante espírita