Gregório José
No vasto palco da existência, somos todos protagonistas de uma peça magistral, na qual a dualidade entre certo e errado se desdobra como uma dança cósmica entre luz e sombra. É como se estivéssemos todos ensaiando nossos passos nesse salão da vida, onde os contrastes moldam a trama de nossas jornadas individuais.
Existem aqueles que, envolvidos na penumbra do desencanto, veem o mundo através de lentes turvas, incapazes de vislumbrar a beleza que reside além das adversidades. Cada novo amanhecer é apenas mais um lembrete dos obstáculos que os aguardam, e cada desafio é visto como uma barreira a ser transposta. São como espectadores desiludidos, sempre atentos aos espinhos ocultos nas rosas, sem perceber a efêmera beleza que se desdobra diante de seus olhos.
Por outro lado, há aqueles iluminados pela virtude, capazes de enxergar além das sombras e encontrar beleza mesmo nos momentos mais simples. Para eles, cada novo dia é uma dádiva a ser celebrada, e cada obstáculo é uma oportunidade de crescimento. Diante das lágrimas de uma criança, encontram motivos para sorrir, reconhecendo na inocência infantil a promessa de um futuro repleto de esperança.
Enquanto alguns encaram o trabalho como um fardo pesado, os virtuosos o veem como uma chance de deixar sua marca no mundo. Para eles, o labor não é apenas uma obrigação, mas sim uma expressão do potencial humano de criar, inovar e inspirar. São como habilidosos artesãos, moldando o vasto tapete da existência com suas próprias mãos e mentes, transformando desafios em oportunidades de crescimento e aprendizado.
Mesmo o simples gesto de desejar um “bom dia” pode ser interpretado de maneiras distintas. Para uns, é um sopro de bondade, enquanto para outros pode soar como um eco terrível de futuras batalhas.
Nessa dualidade inerente à condição humana, somos confrontados com a escolha entre permitir que a amargura nos consuma ou elevar-nos em direção à luz da virtude e da beleza. A resposta está em nossas escolhas e atitudes diante da vida, em nossa capacidade de encontrar significado e propósito nos contrastes que nos cercam. Que possamos, então, optar pelo caminho da luminosidade, descobrindo assim a verdadeira essência de nossa existência nas sombras e na luz. Como diria Shakespeare: “Ser ou não ser, eis a questão”. E que a resposta seja sempre moldada pela luz da virtude.
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Gregório José, jornalista, radialista, filósofo