“Os sem rumo”

Walter Naime

Caro leitor, você já se sentiu perdido em matéria de orientação? Você já se sentiu “achado” por um malandro que lhe passou a perna? Se você ainda não se sentiu assim, está sendo um felizardo.

Em um mundo repleto de caminhos entrelaçados e destinos incertos, a procura pelo rumo tornou-se uma narrativa central em nossas vidas.

Seja na forma de uma bússola magnética que aponta para o norte verdadeiro ou na luz do sol que ilumina nosso caminho, cada um de nós busca uma orientação que guie as nossas escolhas e direcione os nossos passos.

O mundo animal e a vida vegetal se orientam por diversas forças da natureza. Exemplo disso são os répteis que orientam pelo calor, os pássaros que se orientam pelas forças do campo magnético, os que se orientam pela posição e luz do sol, como as tartarugas, os que se orientam pela luz e posição das estrelas, os que se orientam pelos ventos, os que se orientam pela temperatura das correntes marítimas, os que se orientam pela intuição e outras formas a ser pesquisadas.

Algumas pessoas são abençoadas com a clareza de direção, por uma bússola interna que as conduz com segurança pelos desafios da vida. Para estes privilegiados, o rumo é como uma estrela guia, sempre presente e confiável. Seus caminhos são traçados com determinação, seguindo as pegadas da intuição ou as coordenadas da razão. No entanto, para muitos, a jornada é marcada pela incerteza e pela confusão. Vivemos em uma era de orientação desorientada, onde as balizas que costumávamos nos guiar estão distorcidas ou desapareceram por completo. Da política à economia, da saúde à educação, do indivíduo à família, da sociedade aos costumes, das crenças às descrenças, o panorama é desafiador, onde as noções de direção parecem desbotadas e confusas.

Para confirmarmos o que acima foi dito, apresentamos o cenário humorístico de uma pessoa que, chegando à entrada de uma cidade, se dirige a um cidadão e pergunta como ir ao centro da cidade. O cidadão, muito compenetrado e dirigindo para um lado, diz: O senhor está vendo aquele posto de gasolina? Caminhe mais ou menos 300 metros, pegue a direita, e daí, numa dúvida, diz, não é por aí!! Olha para o outro lado e com a mesma disposição repete: O senhor vai por aqui até aquele campo de futebol, onde existe uma rotatória, contorna a mesma e, na sua terceira saída o senhor segue até uma padaria a uns duzentos metros e…Ora! Não é por aí… Como conclusão, o informante, ao olhar para os outros dois lados se concentra e notifica: sabe de uma coisa? Daqui não dá para ir ao centro da cidade.

A política oscila entre extremos, a economia é marcada por frustrações imprevisíveis, e as questões de saúde, educação e segurança muitas vezes parecem estar à deriva.

Enquanto isso, as preocupações com o meio ambiente e alimentação e espiritualidade ganham peso cada vez maior.

Neste cenário de desorientação generalizada, é fácil perder o rumo.

Quando tudo isso acontece, ainda nos resta a oportunidade de nos orientarmos pela razão e pela verdade pois, enquanto navegamos por essa jornada tumultuada chamada vida, que possamos buscar não o caminho mais fácil mas o mais verdadeiro porque, ao final das contas, é a honestidade e a integridade que nos guiarão para além das encruzilhadas das incertezas e nos levarão em direção a um destino de significado e propósito.

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Walter Naime, arquiteto-urbanista, empresário

 

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