Quando olho ao redor, vejo um mundo que deveria ser um lugar de conforto e respeito para todos os seus habitantes, independentemente da idade. No entanto, é com tristeza que testemunho a crescente epidemia de violência contra a pessoa idosa, um fenômeno que está enraizado em nossa sociedade de uma forma perturbadora.
Os números falam por si só. Recentemente, fui confrontado com uma estatística alarmante: mais de 47 mil denúncias de violência contra idosos foram registradas pelo Disque 100 nos primeiros cinco meses de 2023. Esse número representa um aumento chocante de 87% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Essa tendência ascendente é profundamente perturbadora e exige nossa atenção imediata e ação decisiva.
Como indivíduo que testemunha essa realidade, não posso deixar de expressar minha indignação e preocupação. A violência contra a pessoa idosa é um ato de covardia que vai contra os valores fundamentais de compaixão, respeito e dignidade. Cada incidente de abuso, negligência ou exploração contra os idosos é uma afronta à nossa humanidade coletiva e uma tragédia que não pode ser tolerada.
É importante reconhecer que a violência contra idosos assume muitas formas, desde o abuso físico e emocional até a exploração financeira e a negligência. Muitas vezes, os idosos são vítimas dentro de suas próprias casas, por aqueles em quem confiaram para cuidar deles. Isso é particularmente angustiante, pois deveria ser um lugar de segurança e conforto.
Além disso, devemos confrontar o estigma e a discriminação que muitas vezes acompanham o envelhecimento. A idade avançada não deve ser vista como um fator que diminui o valor de uma pessoa ou justifica qualquer forma de abuso. Cada idoso merece ser tratado com o máximo respeito e consideração, independentemente de sua capacidade física ou mental.
Para combater eficazmente a violência contra a pessoa idosa, é essencial adotar uma abordagem multifacetada. Isso inclui a implementação de leis mais rigorosas para punir os perpetradores, o fortalecimento dos sistemas de apoio e proteção aos idosos, a promoção da conscientização e da educação pública e o estabelecimento de redes de apoio comunitário.
Além disso, é crucial incentivar uma cultura de respeito pelos idosos em todos os níveis da sociedade. Isso envolve desafiar estereótipos prejudiciais sobre o envelhecimento e promover uma visão mais positiva e inclusiva dos idosos em nossa mídia, instituições e interações cotidianas.
Como indivíduos, também temos um papel a desempenhar na proteção dos idosos em nossa comunidade. Devemos estar atentos aos sinais de abuso ou negligência e denunciar qualquer suspeita às autoridades competentes. Além disso, devemos apoiar e cuidar dos idosos em nossas vidas, garantindo que tenham acesso aos recursos e ao apoio de que necessitam.
Em última análise, a luta contra a violência contra a pessoa idosa é uma responsabilidade que compartilhamos como sociedade. Precisamos nos unir em solidariedade para proteger os direitos e a dignidade dos idosos e criar um mundo onde possam viver suas vidas em paz, segurança e respeito. Juntos, podemos e devemos fazer a diferença.
Paulo Soares é presidente do Caphiv (Centro de Apoio ao HIV, Aids, Sífilis e Hepatites Virais).