(Alvaro Vargas, Eng. Agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante espírita)
Durante o período de repouso do corpo físico ocorre a emancipação da alma que se desprende parcialmente da indumentária carnal, afastando-se conforme o seu nível evolutivo. Os indivíduos muito ligados as coisas materiais permanecem próximo ao corpos, sem consciência do que está acontecendo sentindo que estão vivenciando um sonho ou um pesadelo. Outros conseguem se afastar e inclusive levitar, atingindo regiões mais elevadas do mundo espiritual. Ou seja, todos fazem uma viagem astral, contudo, a qualidade dos locais visitados vai depender do aspecto moral de cada um. Vale recordar o adágio popular que diz: “o sono é um prenúncio da morte”. Isto exprime uma realidade, pois, somos Espíritos eternos vivenciando uma experiência no mundo físico que será eventualmente concluída. Na desencarnação, os “laços” que nos mantém ligados ao corpo físico se desfazem, enquanto na viagem astral, ocorre um “afrouxamento” desta ligação. Conforme Allan Kardec (O Livro dos Espíritos, cap. VIII, questões 400-418), durante o período em que nos encontramos fora do corpo, encontramos outras almas de indivíduos reencarnados na Terra e Espíritos que estão habitando o plano invisível. Entretanto, normalmente não nos recordamos dos fatos que ocorrem nessas viagens astrais. Esta é uma medida do Mundo Maior, de modo que possamos manter o foco nas experiências programadas para o mundo físico.
Segundo Leon Denis (O Problema do ser, do destino e da dor, cap. 5), “há em nós uma dupla vida, pela qual pertencemos às vezes a dois mundos, a dois planos de existência”. Diferentemente da vida ordinária na Terra, em que determinamos o local e a companhia que desejamos, isto não ocorre no mundo invisível, no qual nos situamos conforme a sintonia mental. Similarmente ao magnetismo de um ímã, somos atraídos para os locais e a presença de Espíritos com os quais nos identificamos, principalmente no aspecto moral. É o momento no qual a alma se mostra como é realmente, livre das convenções sociais. Esta pode estagiar nas regiões devotas ao estudo e a caridade, ou permanecer nas cidades localizadas nas zonas sombrias do Umbral dedicadas aos vícios e as perversões sexuais. A nossa densidade moral construída gradativamente ao longo da existência, consequência de nosso estilo de vida e hábitos mentais, determina o local onde estaremos situados no período de repouso do corpo físico. Podemos aproveitar para evoluir intelecto moralmente, ou permanecer no Umbral. O problema neste caso é que uma sintonia constante com Espíritos moralmente atrasados pode resultar em contaminações com larvas espirituais, transmitidas por estas entidades enfermas, resultando em doenças no corpo somático. Além disto, pode ocorrer a “vampirização” das energias da alma pelos obsessores, desvitalizando-a. Esse processo pode evoluir para uma obsessão mais intensa pelos Espíritos perversos, criando situações de difícil solução e consequências imprevisíveis.
Contudo, existem situações específicas em que a emancipação da alma ocorre de forma consciente. Tais ocorrências são vivenciadas por médiuns portadores desta faculdade e receberam a permissão para gravarem no cérebro as impressões obtidas no mundo espiritual. Neste caso, possui uma finalidade educativa, para trazer informações para a sociedade, a fim de que possamos conhecer melhor o que ocorre na erraticidade. Estas lembranças também podem acontecer em algumas situações extraordinárias e de forma involuntária, ocasionada por algum estresse físico ou emocional, como as experiências de quase-morte, relatadas por muitos indivíduos. Entretanto, em qualquer situação, para aqueles que aspiram desenvolver a faculdade do desdobramento consciente, é primordial que antes de se aventurarem, procedam com a necessária transformação moral, passando a vivenciar mais intensamente os ensinamentos de Jesus.