Desmotivações em tempos de pandemia

José Pedro Leite da Silva

 

Das várias contradições que estamos vivendo em tempos de pandemia no campo da saúde pública e da economia brasileiras, uma me parece, de todas, a mais difícil de administrar. A desmotivação sugerida ao funcionalismo público brasileiro, em suas três esferas, sobre o congelamento dos seus salários no ano de 2021. A moeda de troca é o oferecimento de apoio financeiro aos municípios, por conta da queda de arrecadação.

Do ponto de vista técnico, originado no Ministério da economia, do sr. Paulo Guedes, certamente não há como contra argumentar. Mas, pensando, como devem estar pensando os servidores públicos, é uma contradição imensa. Senão, vejamos, tem sido o funcionalismo público brasileiro, em Brasilia, São Paulo ou Piracicaba, o mais envolvido, o mais cobrado, o mais competente e o mais suscetível às mortes pela pandemia.

Médicos, enferemeiros, técnicos, pesquisadores de Universidades, politicais, bombeiros, administradores, todos eles que mantém a máquina pública da saúde funcionando nos seus diversos níveis de dificuldades, tem que, muito mais do que cobranças deste tipo, merecer respeito e motivação da sociedade brasileira nesta hora aguda por que passa o nosso país, a nossa cidade.

Num primeiro momento da negociação em nossa cidade, a prefeitura solicitou 90 dias de prazo para voltar a conversar com a categoria, por conta da diminuição das receitas municipais. O que ainda não ocorreu ostensivamente, embora seja previsto. O primeiro quadrimestre teve na Secretaria de Finanças um fechamento com aumento em torno de 5% das receitas previstas. Maio certamente acusará mais dificuldades, mas a reabertura do comércio a partir de 1ª de junho, mesmo que não com força total, dará novo alento a uma área estratégica da economia local, o comércio e seus respectivos prestadores de serviços. Noutro ponto lemos um significativo número de transações com   exportações da cidade em torno de $ 600 milhões de reais.

Contudo, como motivar quem está na linha de frente da pandemia como o anuncio assustador de que só poderão receber aumentos em 2022? Parece-me mais um desconforto psicológico desnecessário nesses dias em que todos tem empregado o melhor de si para que a cidade consiga atender adequadamente os infectados e ter a consciência tranquila de que fez o que esteve ao seu alcance para atingir apenas 26 mortes em 75 dias de impactos da pandemia na comunidade local.

Os que estão na linha de frente desta ação humanitária, mais do que aplauso e considerações por suas atividades, merecem o nosso respeito e um outro tipo de compromisso contra este tipo de ameaça. Mesmo que a inflação caminhe a passos menos largos nestes dias, a recomposição salarial dos funcionários públicos municipais é urgente e necessária.

Alinho-me, e o meu partido, o PL de Piracicaba, aos que se solidarizam ao funcionalismo público, aos trabalhadores contra a pandemia, para reconhecer, honrar e dignificar o trabalho realizado até aqui. E de me colocar em oposição pública a esta medida governamental.

A cidade precisa encontrar uma resposta melhor, mais motivadora, a todos eles. E tenho certeza de que suas novas lideranças políticas haverão de reconhecer o esforço de todos eles, quando 2021 chegar.

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José Pedro Leite da Silva, empresário, economista, pré-candidato a prefeito de Piracicaba pelo Partido Liberal de Piracicaba (PL)

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