A vida e morte que carregamos todos os dias

Isaias Germano Neto

 

É difícil conseguir começar um raciocínio logo de manhã, quando nossos pulmões estão inflados de um ar que sufoca! Todo dia, acordamos como se houvesse um cano de revolver apontado para nossas cabeças, brincando de roleta russa, “Passou, quem morreu foi o outro”. Quando esse outro morre, resta em nós somente “pena” e o alívio de não ter sido a gente o perdedor da vez!

A vida humana sempre foi reduzida a número, dados quantitativos de um relatório interminável em suas variáveis precisas e imprecisas. A vida se torna mais importante quando é a nossa, ou, as das pessoas que estão ali, no nosso convivo social! A vida, esse algo dado a nós é tão precioso e frágil que pode ser levada de forma fácil e fútil a qualquer momento, por qualquer razão.

É difícil encarar que em um momento difícil que estamos vivendo, a palavra de acolhimento não existe, o abraço fraterno não temos, o auxílio que é nosso de direito não vem e a proteção de quem nos governa parece superficial demais. Então, mais uma vez a população é tratada como mais um, mais um que morreu e mais um que viveu. É claro, que não podemos poetizar a vida e não enxergar os fatos. O problema é que a vida vem sendo diminuída junto com a dor do outro.

Isolamento social para quê, se todo mundo vai se contaminar? Ajudar ao próximo para quê, se as pessoas sempre passaram necessidades? Essas e outras questões passam sempre pelo nosso filtro, ao menos deveriam, mas parece que a gente ainda não aprendeu que a cura está na ajuda mútua, na caridade, na fraternidade. Existe vida, e ela necessita ser preservada, ela precisa ser exigida. Morte, essa é a única certeza que temos. Mas a morte, não deve ser somente números, pois quem vive, quem perdeu, conhece a dor, e a dor de um, deve ser de todos, pois estamos todos ligados a um mesmo objetivo, sobreviver.

Nesses tempos de quarentena, aprendi que é  necessário fazer menos para fazer mais. Não despreze a vida do outro, não reduza a sua e não tire o direto que todos nós temos: o direito de viver e viver bem. Muitas vezes, não vamos conseguir encontrar heróis com capas e super poderes, muito menos, vamos ser expostos a materiais radiativos e ganhar poderes como nos quadrinhos.

Mas podemos juntos fazer desse mundo melhor. Pare de usar de ignorância e falta de empatia. Todos nós estamos sofrendo, em escalas diferentes, claro!  Vamos tirar algo bom disso tudo. Já que estamos usando máscaras, olhar mais nos olhos dos outros, aprender a dar valor a um abraço, que hoje nos é impedido… o direito de ir e vir livres e respirar. O nosso hoje é sufocante mais que nunca, mas o nosso amanhã, não precisa continuar assim! A cura está dentro de nós e a liberdade está quando eu percebo o outro!

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Isaías Germano Neto, comunicólogo, gestor de marketing digital e fotógrafo

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