A retração econômica, provocada pelo coronavírus, a dificuldade para recompor o caixa, podem levar maior número de empresas a pedir recuperação judicial, para evitar a falência.
A previsão dos especialistas é que o volume dos pedidos de recuperação judicial possa atingir patamar récorde – mais de 02 mil empresas, nessa situação.
Pelo histórico de 2007 até 2020, há uma correlação grande entre a queda do PIB e o aumento dos pedidos de recuperação judicial. A estimativa das consultorias especializadas prevê queda de 5% do produto interno bruto, feita pelo Fundo Monetário Nacional.
Se confirmada essa previsão, o resultado será de quase 40% superior ao récorde verificado em 2016, quando 1.800 empresas recorreram à Justiça. Segundo estudiosos, quanto maior o impacto no PIB, maior a quantidade de setores afetados, correndo-se o risco de se alastrar pelas cadeias produtivas.
Ainda que a queda, neste ano seja a inferior a 5%, a escalada das recuperações judiciais será mais intensa que o piso de 2016, haja-se em vista que o cenário parte de base já bastante deteriorada pela recessão econômica e baixo crescimento dos últimos 05 anos.
Segundo levantamento, com queda de 1,5% no PIB, levaria 2.000 empresas à recuperação judicial, entre o 3º trimestre deste ano e o 3º trimestre de 2021; se cair 3%, 2.000 empresas entrariam com o pedido de recuperação.
As empresas que sobreviveram à última crise conseguiram manter-se, mas não têm caixa para aguentar mais tempo de paralisação, sendo certo que a atual crise é mais abrangente entre todos os setores.
O cenário pouco claro da Covid-19 e o problema de caixa das empresas devem elevar o nível da inadimplência, com reflexos nos pedidos de recuperação judicial.
Sobreviver com o menor dano possível é o foco.
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Frederico Alberto Blaauw é mestre em Direito Comercial, advogado e consultor de empresas, professor de Direito Empresarial.