Sífilis, a grande imitadora

Douglas Alberto Ferraz de Campos Filho

É curioso, existem doenças que simulam ser outras, a expressão: “parece, mas não é”, tem que estar sempre presente no pensamento do médico para evitar armadilhas conceituais e diagnósticas, ou por exemplo a expressão do tipo: “Sempre pode ser ela”, referindo-se ao paciente que tosse cronicamente em relação à tuberculose, palavras ditas e escritas por grandes mestres da medicina no livro “O pensar Diagnóstico”, do professor Dr. José Manoel Jansen.

A sífilis talvez seja a grande imitadora, frases como do tipo: “um dia de amor com Afrodite e o resto da vida nos braços de Mercúrio”, significa que a sífilis é uma doença que antes de matar, judia, tortura e enlouquece, comum antes do conhecimento dos antibióticos principalmente a penicilina; a expressão pensar sifilicamente era doutrina nas primeiras décadas do século XX.

Apesar de hoje ter tratamento, ainda existem dificuldades preventivas para essa doença, sempre relacionada na vertente da promiscuidade sexual.

O maior desafio da sífilis, causada pelo Treponema pallidum, é o de se conseguir fazer o diagnóstico precocemente e tratar antes que o treponema não cause lesões importantes, neurológicas, incapacitantes ou letais, em contraste nos dias de hoje, o tratamento é efetivo e os exames são seguros. A sorologia é sempre positiva, com raríssimas exceções.

Quanto a grande imitadora, a Sífilis ou Lues, podem causar cancro, verrugas, feridas cujo agravante é que elas não causam dor e nem prurido e quando no sexo feminino a lesão é interna no genital, sem sintomas essa doença pode ser transmitida a parceiros de maneira não aparente.

Outras imitações são praticamente em todos os órgãos como, por exemplo, gastrite (sífilis gástrica), neurites, cardiopatias, demência, lesões oculares resultando num enorme rol de imitações de outras doenças como meningite, paralisia geral progressiva, coinfecção sífilis-HIV e finalizando em breves palavras, a sífilis como grande imitadora pode apresentar outros padrões de fases incomuns da doença ao lado dos quadros clássicos de suas três fases; fase primária: ferida tipo cancro indolor no genital; fase secundária: dermatite tipo “Roseola sifilítica”, erupção cutânea maculo papulosa simétrica não pruriginosa; fase terciária: lesões neurológicas e cardiovasculares. Em todas as fases existem tratamento, sendo que na fase terciária a patologia pode deixar sequelas.

 

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Douglas Alberto Ferraz de Campos Filho, médico

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