As enfermidades e deficiências físicas de nascença são castigos divinos?

Alvaro Vargas

 

Somos Espíritos criados a semelhança de Deus (Gênesis, 1:26-27), mas simples e ignorantes, predestinados a nos tornarmos Espíritos puros através da evolução intelecto e moral, que ocorre durante as reencarnações na Terra e em outros planetas. Sendo Deus perfeito assim como as suas criações, é inconcebível atribuir à Divindade as enfermidades e imperfeições físicas de nascença. Além disso, Deus não castiga, apenas reeduca as almas recalcitrantes no mal, pois, Ele é só amor (1 João, 4:7-8). O Espiritismo esclarece que, geralmente, essas doenças têm origem nas iniquidades praticadas em existências pregressas. Deus nos concedeu o livre arbítrio, associado a lei de causa e efeito, na qual somos responsáveis pelas decisões tomadas, sejam elas edificantes ou criminosas. Assim, todo desvio moral produz uma energia negativa que pode dar origem às enfermidades em nosso corpo físico e lesionar o perispírito. Caso esses fluidos deletérios não sejam dissipados, podem se refletir nas reencarnações futuras. Como necessitamos restabelecer a cura do nosso corpo espiritual, essas lesões na alma são transferidas para o corpo físico, podendo lesionar o feto em desenvolvimento no útero materno. Além desse aspecto curativo da alma, as limitações físicas decorrentes também servem como um processo educativo, pois, o indivíduo possuidor de um corpo físico limitado, tem melhores condições de conter as suas más inclinações. Por isso, Jesus citou que: “melhor é entrar na vida coxo, ou aleijado, do que, tendo duas mão e dois pés, e seres lançado no fogo eterno”.  (Mateus, 18:8).

Contudo, nem sempre uma enfermidade tem origem em ações equivocadas do passado. Pode ocorrer, que o Espírito antes de reencarnar, solicite um período enfermiço que auxilie no seu processo evolutivo. De acordo com Léon Denis (O Problema do Ser, do Destino e da Dor), “todos aqueles que sofrem não são forçosamente culpados em vida de expiação. Muitos são Espíritos ávidos de progresso, que escolheram vidas penosas e de labor para colherem o benefício moral que anda ligado a toda pena sofrida. A doença ensina a paciência, a sabedoria, o governo de nós mesmos”. Existem também, aqueles que reencarnam, não só para a vivência dessa experiência evolutiva, mas ainda com a possibilidade de contribuir na divulgação do Cristianismo. Foi o que ocorreu com o cego de nascença, curado por Jesus. Naquela época, essas enfermidades eram atribuídas aos “pecados” dos pais, que se refletiam nos filhos. Evidentemente um grande equívoco, pois cada um é responsável pelas suas próprias ações. Assim, perguntaram a Jesus, quanto a um cego de nascença: “Mestre, por que foi que este homem nasceu cego? Por causa dos seus pecados ou por causa dos pecados de seus pais? Nem uma coisa, nem outra, disse Jesus, mas para nele se mostrar o poder de Deus”. (João, 9:1-41). Os judeus aguardavam a vinda do Messias. As curas que Jesus realizou, contribuíram para a sua identificação, conforme diziam as Profecias que mencionavam sobre a vinda do Messias. Portanto, a origem da cegueira de nascença desse cego não estava relacionada com os seus equívocos pretéritos, mas ao seu amor à causa do Cristo.

Independentemente das doenças que possam estar nos assolando, em qualquer situação que possamos nos encontrar, devemos sempre agradecer a Deus pela benção de uma nova existência que nos permite recomeçar uma jornada evolutiva e ressarcir todos aqueles que prejudicamos no passado. A saúde física, a beleza, assim como a riqueza, são talentos que nos são concedidos e que nem sempre sabemos utilizar convenientemente. Devido a isso, muitos se desviam dos compromissos morais assumidos antes da reencarnação. Importante é que possamos despertar para a verdadeira vida, cientes de que todas as limitações físicas e mal-estar decorrentes das enfermidades deixarão de existir quando retornamos para a nossa verdadeira pátria, o mundo espiritual.

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante espírita

 

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