Entrevista: “É a realização de um sonho, entrar na USP, em um curso de agronomia”

engenheiro agrônomo Nelson Sidnei Massola Junior é piracicabano, apaixonado pela Esalq – Crédito: Divulgação

João Umberto Nassif 

Nelson Sidnei Massola Junior nasceu a 21 de junho de 1968, em Piracicaba, filho de Nelson Sidnei Massola natural de Piracicaba e Maria Vilma Consorte Massola, natural de Laranjal Paulista, sempre foi cabelereira. Tiveram os filhos Nelson e Claudia. Seu pai, atualmente aposentado, trabalhava no DER – Departamento de Estradas de Rodagem, onde ingressou em Piracicaba aos 18 anos. Transferido para Tietê, onde se casou e residiu até aposentar-se. Nelson Sidnei Massola Junior é casado com Fernanda Roncato Massola, eles tem dois filhos: Gabriela e Gustavo. Nelson fez todos os seus estudos na Escola Estadual Plínio Rodrigues de Moraes, desde o pré-escola até o terceiro ano colegial. Foi em uma época em que a escola pública era considerada de excelente qualidade.

Após concluir seus estudos básicos a sua opção foi por qual setor universitário?
Decidi fazer Engenharia Agronômica, Fiz um ano de cursinho preparatório no Cursinho Pré Vestibular Anglo, era o início desse cursinho em Piracicaba. Os diretores eram Eduardo Gerolamo João (Turcão) e Dorival Sudario Bistaco. Com orçamento familiar adequado, porém não suficiente para cobrir todas as despesas de escola e moradia, vim para Piracicaba, onde morava minha tia, na Rua Monsenhor Rosa, no centro. Expus minhas condições ao Turcão, comprometendo-me a ingressar na USP desde que o cursinho oferecesse um desconto. Foi dado o desconto de 50%.

Dali você ia até o cursinho utilizando qual forma de transporte?
Ia de ônibus, usava a então linha denominada Panorâmica. Pegava as 6:30, era sempre o mesmo motorista. Lembro-me até hoje da sua fisionomia, expressão de estar sempre bravo. Eu descia ali em frente a Santa Casa. O curso Anglo permanece no mesmo local. As aulas iam até por volta das 13h00. As aulas eram dadas em um anfiteatro enorme, com 180 alunos. Ali tive bons professores: Dorival, Turcão, o professor de química era o Angelo, hoje é professor da minha filha no curso Poliedro. O Ângelo ganhou o apelido de Corneto, graças a sua semelhança com o ator que fazia propaganda desse sorvete na televisão. O Turcão lecionava matemática. Física era o Batalha. Era muito comum ter sempre dois professores de cada matéria, eles se revezavam. Naquela época havia uma disputa grande entre os Cursinhos CLQ e Anglo. O professor de biologia era o Gentil. Outro professor de biologia era “esalqueano”, ou seja foi aluno da ESALQ, depois ele estudou biologia na Unimep. É interessante observar que em Piracicaba os cursinhos preparatórios para vestibular iniciaram-se com os “esalqueanos” lecionando.
Muitos professores de cursinho pré-vestibular marcaram a educação de gerações em Piracicaba.
Alunos que se formaram pela ESALQ lecionaram para inúmeros vestibulandos, eram excelentes professores. Foi uma época boa. Os anos 80 foram fantásticos! O país passava por uma mudança política muito grande,

Você prestou o vestibular e passou?
Não prestei nada além de FUVEST com o objetivo de entrar na ESALQ. Passei nos exames em 1987 iniciei o primeiro ano na Escola de Agronomia Luiz de Queiroz – USP. Passei pelo trote que é dado nos calouros, na época era um trote “pesado”. Só que o orgulho de usar o famoso “A” encarnado era e é até hoje, muito grande!

A ESALQ é uma instituição de projeção internacional, sendo considerada uma entre as melhores escolas do gênero no mundo. O seu corpo docente é formado por pesquisadores e cientistas, você teve aulas com titulares das cadeiras?
Tive aulas com professores célebres. Zilmar Ziller Marcos foi meu professor, deu aula de solos, fui aluno de Caetano Ripoli, Nilson Augusto Villa Nova. Para integrar o corpo docente da ESALQ as exigências de conhecimento científico são bem elevadas.

Qual foi o tempo de estudo para que você se formasse?
Na minha época já era de 5 anos. Logo no segundo ano comecei a fazer estágio, eu gostava muito da parte de microbiologia, tive aulas dessa matéria com Eric P. S. Baumer. Hasime Tokeshi, Armando Bergamin Filho que está lá até hoje, não aposentou-se, é colega de trabalho. Hiroshi Kimati foi um dos grandes professores que eu tive, faleceu, juntamente com sua esposa , em acidente de trânsito. Esses são os professores veteranos da ESALQ. Outro professor Clelio Lima Salgado também realiza um trabalho importante.

Você chegou a participar do prestigiado Coral da Esalq?
Não participei! Aliás isso é uma particularidade que eu tenho, tude que se refere a arte é muito verde em mim, não consigo me despontar. Instrumento musical, canto, desenho, atuação, não são áreas com as quais tenho desenvoltura.

O seu campo é “in vitro”, processos biológicos que têm lugar no ambiente controlado?
Exato, dentro do laboratório!

Quando estudante qual era o horário de aula?
Na ESALQ as aulas são em período integral. As aulas começavam as 8:00 horas até 12:00 horas. Na parte da tarde das 14:00horas até as 18:00 horas. A alimentação era feita no bandejão: café da manhã, almoço e jantar, na minha época tinha s três refeições no badejão. A linha de bonde já estava desativada, existia e permanece até hoje, um bonde em exposição. Após o almoço wea comum irmos até lá, sentarmos nos bancos do bonde e ficávamos conversando.

Qual foi a sua sensação no primeiro dia, ao entrar e provavelmente pensar: “Estou como aluno na ESALQ”?
É difícil descrever! É a realização de um sonho, entrar na USP, em um curso de agronomia. Eu não conhecia nada dentro da escola, e nem conhecia as pessoas que estavam entrando, sempre entram 200 alunos. No primeiro dia fiquei meio perdido, não sabia onde estava, qual aula iria ter, nos primeiros dias existiam muitas aulas dadas como trote, na realidade o “professor” era um veterano! O início foi um misto de encantamento com surpresa.

Quantos alunos frequentam cada classe?
Entram 200 alunos por ano. Alguma disciplina tem classes bem numerosas. Dividem, 100 alunos em uma classe e outros 100 em outra classe. Além disso tem 40 alunos da Engenharia Florestal, que nos primeiros anos assistem aulas juntos com os alunos da Agronomia. No total são 240 alunos que nos primeiros anos tem aulas juntos, sub=dividindo em turmas de 140 a 150 alunos. Obviamente tem disciplinas que dividem um pouco mais, e principalmente as aulas práticas dividem mais ainda. Algumas turmas com 25 alunos. As aulas práticas eram em laboratórios, no campo, nas dependências da ESALQ. Todo Departamento tem um terreno que é para aula prática. Eventualmente algumas aulas práticas eram fora da ESALQ, nessas ocasiões íamos utilizando aqueles famosos e tradicionais ônibus da ESALQ, que embora antigos estão em bom estado de conservação. (Os famosos ônibus monoblocos). Íamos para canaviais, barrancos com cortes, onde poderíamos analisar os tipos de dolo. Isso nos primeiros anos. Há um nivelamento no ensino até o terceiro ano, no quarto e quinto anos o aluno escolhe uma área e se aprofunda nela.

Esse nivelamento inicial incluía aulas de cálculo diferencial e integra I e II?
As aulas de cálculo eram as que deixavam os alunos mais apreensivos.
Cada professor tinha sua personalidade, e as aulas seguiam o ritmo deca um deles. Um dos mais consultados pela mídia nacional, tinha uma personalidade despojada, a ponto de em um dia muito quente ir dar aula de bermuda. Isso não tirava sua credibilidade e respeito. Um contraste, com o passado quando os alunos assistiam as aulas de terno e gravata!

O aluno formado pela ESALQ é comum sair com vários convites de empresas para trabalhar, foi o seu caso?
Tudo depende do foco do profissional. No meu caso em particular eu estava me dedicando bastante no estágio e visualizava seguir a carreira acadêmica, queria fazer mestrado e doutorado, não procurei emprego, surgiram algumas oportunidades, mas nem me inscrevi, eu estava focado em acabar a graduação e ir para o mestrado. A seguir fiz o doutorado. Um fato que me incentivou a seguir essa carreira também. Durante a minha graduação eu estudava durante o dia na ESALQ, morando em Piracicaba eu tinha que manter, meu pai funcionário público, minha mãe cabelereira, ambos em Tietê. Comecei a procurar maneiras de obter recursos para minha manutenção. Naquela época, saia no Jornal de Piracicaba, geralmente no final de fevereiro, início de março, atribuições de aulas em escolas públicas. Começa o ano letivo e sempre havia falta de professor, a Delegacia de Ensino publicava uma coluna no Jornal de Piracicaba: Atribuições de Aulas. Eu queria lecionar Biologia, estava no meu sangue. Não conseguia aula de biologia, conseguia aula química, peguei muitas aulas de química, isso foi em 1989, eu estava entre o segundo a terceiro ano da Agronomia, eu era um menino, tinha entre 19 e 20 anos. Consegui aula de química na Escola Estadual Professor Elias de Mello Ayres, a diretora era Sueli Di Lellis, me entrevistou, eram aulas todos os dias a noite, para o Curso Colegial. Passei a dar aulas todos os dias a noite, era uma pilha enorme de cadernetas de classe! Eu nunca tinha dado aula na minha vida, fui com a cara e com a coragem. No começo foi muito difícil, mas eu fui pegando o traquejo. Peguei o jeito para dar aula. Com isso cheguei a conclusão de que gostava de ensinar, fazer pesquisa. Concluí que o meu futuro era trabalhar na academia. E dali para frente, mestrado, doutorado. Antes de terminar o doutorado, apareceu um concurso, para professor temporário na Universidade Estadual de Londrina em junho de 1998. Fiz o concurso, passei, não tinha acabado o doutorado. Só fui acabar em outubro de 1988, Fui contratado mesmo sem o doutorado.

Que matéria você lecionava?
Comecei a dar aulas de Fitopatologia na Universidade Estadual de Londrina para o curso de Agronomia. E comecei a dar aulas na pós-graduação, a minha área de pesquisa bem focada mesmo é meu trabalho com fungos que causam doenças em plantas. Como era temporário, eles renovavam até dois anos no máximo, abriu o concurso, prestei e entrei como Professor Efetivo na UEL, eu já tinha concluído ocurso e o doutorado aqui. Entrei lá como Professor Doutor, fiquei apenas um ano. Apareceu o concurso na ESALQ. Fiz, passei, pedi a exoneração lá.

Na ESALQ qual é a sua titulação atual?
Sou Professor Associado. Não sou Titular ainda. Na Esalq, temos três categorias: Doutor, Associado e Titular. Para, ir de Doutor para Associado é mérito do docente. Para Titular é necessário vir a vaga através do governo. Tem que esperar ter a vaga, os que estão aptos a concorrer se inscrevem.

A sua especialidade são fungos fitopatogênicos, como podemos definir de outra forma essa especialidade?
Em uma analogia bem tupiniquim, o ser humano tem alguns tipos de micoses, na pele, na unha, são doenças causadas por fungos no ser humano. A planta também tem doenças causadas por fungos. Existe fungos que atacam plantas. São muitos. Provocam um tipo de doença e reduzem a produção da planta. Por exemplo uma plantação de milho atacada por fungo fitopatogênico produz menos milho. Nós estudamos essas doenças, estudamos o agente causal e desenvolvemos estratégias para combater esse fungo, controlar a doença. É basicamente isso o que eu faço, porque trabalho com fungos. Não são só fungos que causam doenças em plantas, tem doenças em plantas causadas por bactérias, por vírus, por nematoide no solo. Enfim, essa matéria é denominada fitopatologia. Dentro dessa matéria me especializei em doenças causadas por fungos.

As plantas transgênicas são isentas de doenças?
Cada planta transgênica é resistente a alguma coisa. Normalmente tem pouquíssimas plantas transgênicas resistentes a doença. Mas tem muitas plantas transgênicas resistentes a pragas. Tem que ser feita uma separação. Doença é causada por micro-organismo: vírus, bactérias, fungos. Pragas, geralmente são os insetos. Que infestam a planta e comem ou sugam a planta. Para os insetos já existem muitas plantas modificadas geneticamente, portanto plantas transgênicas, que são resistentes a pragas. A doenças, são pouquíssimos casos por enquanto, estão tentando com a ferrugem da soja, que é um problema sério, não tem sucesso ainda. São plantas resistentes normalmente a pragas.

Pelas informações mais recentes, há uma grande procura da mídia pela sua opinião em determinados temas, qual é a razão desse interesse enorme pelas suas pesquisas?
Eu estou como Diretor Presidente da FEALQ – Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz. Ela faz um elo com a iniciativa privada, para desenvolvimento de pesquisas. Ela trabalha com ensino, pesquisas e extensão. A FEALQ gerencia cursos voltados ao agronegócio. Inclusive EAD, ensino a distância. Ela capta recursos na iniciativa privada, coisa que a ESALQ não pode fazer. Por exemplo, um grande grupo ligado a cana-de-açúcar, tem um problema de praga que está atacando a cana-de-açúcar, que não tem solução, Eles pedem ajuda para a ESALQ, identificamos internamente quem poderá resolver esse problema, a FEALQ faz um contrato com a empresa interessada, que por sua vez irá propiciar recursos financeiros para a pesquisa e solução desse problema. A ESALQ não pode receber esses recursos. A FEALQ sim, ela cobra uma taxa, em torno de 10% para manutenção da própria estrutura da FEALQ, e gerencia esses recursos voltados à própria pesquisa. Trabalhamos com projetos de pequeno porte até projetos de grande porte. Fazemos toda parte burocrática, legal, damos amparo jurídico, para que esses contratos comecem, se desenvolvam e terminem a contento. A FEALQ é uma instituição pública de direito privado. Ela não pode ocupar um prédio dentro de uma instituição pública. Portanto, ocupa área própria, fora das dependências da ESALQ. A sede dela fica na Avenida Centenário, ao lado da ESALQ.

O motivo da intensa movimentação midiática gira em torno da FEALQ?
Na FEALQ estamos na campanha de credenciamento de laboratórios para ajudar o agronegócio nessa crise do COVID-19. Já credenciamos um laboratório em Pirassununga, na realidade a ideia foi do grupo de Pirassununga, eles trabalham na Faculdade de Medicina, com amostras de animais, eles adaptaram o laboratório para fazer testes da COVID-19 no ser humano. E pediram ajuda para a FEALQ gerenciar os recursos e dar amparo jurídico. Aproveitamos essa ideia e estamos fazendo esse mesmo procedimento no CENA – Centro de Energia Nuclear na Agricultura.

Qual é a relação entre a FEALQ e a COVID-19?
A FEALQ dá amparo para o ensino e pesquisas no agronegócio. Nesse momento de isolamento vários serviços pararam. Um serviço que não pode parar de forma alguma é abastecimento de alimentos. Estamos preocupados com esse contingente de trabalhadores que estão produzindo e distribuindo alimentos. Se parte dessas pessoas se infectam e nada é feito, elas continuam trabalhando, elas vão infectando mais pessoas, entra no colapso. Podemos fechar frigoríficos, como aconteceu nos Estados Unidos, vários frigoríficos fechando porque os trabalhadores se contaminaram com o Coronavírus, nada era feito, eles não eram afastados. Não eram nem detectados. Chega uma hora que não tem mais ninguém para trabalhar. A planta daquele frigorifico é fechada. É isso que não podemos deixar acontecer aqui! O nosso foco é testar essas pessoas que estão trabalhando na produção e distribuição de alimentos. Estamos tentando captar recursos da iniciativa privada para a adaptação desses laboratórios e para fazer os testes. A FEALQ funciona como uma antena parabólica para captar isso, para proporcionar esse credenciamento e esses testes.

Está havendo uma colaboração estreita entre a atividade agronômica e a medicina?
Nós não temos médicos aqui. Esses testes são compostos por técnicas moleculares onde detectamos o material genético do vírus. Isso não é novidade, não é complicado, temos laboratórios aqui que tem todo equipamento e pessoas treinadas para fazer isso. Não fazem na área médica, mas fazem na área animal. O que estava faltando é adaptarmos para trabalharmos com amostras de ser humano. Para isso é necessário credenciamento junto ao Ministério da Saúde, nesse momento de pandemia o Ministério da Saúde deu uma flexibilidade ´para que outros laboratórios, que não são da área médica, ajudem nesse momento. Desde que tenham expertise. É isso que nós estamos fazendo. O laboratório que não trabalha e não vai mais trabalhar na área médica, conseguimos adaptar, para atender nesse momento delicado. É um laboratório que não queremos concorrer com a área de saúde. Só estamos emprestando a força que nós já temos para ajudar nesse momento. Para fazer isso tem que passar por todo credenciamento necessário: Vigilância Sanitária, Ministério da Saúde e Instituto Adolfo Lutz. Se todos eles, após as inspeções, nos derem esse alvará, começaremos a trabalhar sem nenhum problema.

Em relação à Covid-19, é difícil afirmar taxativamente quais direções seguir?
A cada hora recebemos uma informação, e ficamos sem saber aonde se agarrar. Procuro seguir o que é mais científico, mais técnico. Temos a opinião de Epidemiologistas famosos dizendo que nesse momento é importante o afastamento. Mas ao mesmo tempo temos que manter a economia funcionando! É um paradoxo! Para algumas profissões, como a minha, não tem problema nenhum, já faz 60 dias que estou dando aulas a partir de casa, fazendo reuniões diárias com as pessoas que me envolvo, a partir de casa, não parei, pelo contrário, até estou trabalhando mais. Mas sabemos que existe setores que não podem fazer isso.

A seu ver é um divisor de águas esse período pelo qual estamos passando?
Não tenho dúvida de que é! Principalmente na questão de ensino a distância. Fomos pegos de calça curta! Tivemos que agirmos rapidamente para não deixar as coisas caírem. Tenho a certeza de que quando voltarmos ao convívio presencial irmos encontrar algumas dificuldades em cumprimentar dando-nos as mãos, abraçarmos, participarmos de aglomerações, isso será um efeito psicológico que vamos sofrer logo no início do convívio presencial. Não tenho dúvidas de que nesse momento de crise foram desenvolvidas muitas tecnologias para amparar a situação. Um exemplo, antes da pandemia, esta entrevista seria presencial, hoje não é mais necessário, saíram tantas plataformas virtuais onde conseguimos conversar e termos a imagem do interlocutor. Muitas das minhas aulas eu não preciso ir até a ESALQ. Dou aulas da minha casa! Acordo, de pijama, coloco uma camisa, tomo meu café e passo a dar aulas de casa mesmo. Não preciso gastar combustível para ir até o trabalho, não correr risco no trânsito. Daqui para frente essa questão de videoconferências, reuniões virtuais, trabalho remoto, talvez volte um pouco, mas não vai voltar ao ponto que era antes.

A qualidade do ensino presencial e o ensino virtual, é a mesma?
Perde qualidade. Ainda quando se trata de um grupo pequeno, ocorre a interação. Quando tratar-se de um grupo grande, o olho no olho é insubstituível. Dar aula olhando para uma tela de computador não é fácil! Você não vê a reação das pessoas. A parte prática é muito prejudicada. Estamos aguardando a volta presencial para ministrar as aulas práticas.

A enorme procura da mídia pela FEALQ e seus parceiros no tocante à Covid-19 como o senhor vê?
É natural. Trata-se do assunto do momento. Sou muito mais de ficar dentro de laboratório, analisar dados. Tenho acumulado outras atividades, estou Chefe do Departamento de Fitopatologia e Nematologia.

Você tem obras publicadas?
Tenho capítulos escritos nos dois manuais de fitopatologia. Na minha área de pesquisa a informação mais rápida não é vi livro, é via trabalhos publicados em periódicos internacionais científicos, tudo em inglês, nessa área de ciências, a linguagem universal é o inglês.

Qual é sua visão sobre a posição global do Brasil após a pandemia?
O Brasil terá a seu favor sem dúvida alguma o agronegócio! Nossa missão é ser abastecedor de alimentos, essa é a vocação do nosso país. Somos privilegiados, temos a melhor escola de agronomia abaixo da Linha do Equador. A ESALQ é a quinta escola de agronomia do mundo. Nossa vocação é produzir alimento para o mundo. O nosso território que dava par ocupar com agronomia já está ocupado, não podemos mexer em mata. O que pode ser feito é melhorar a produção dentro da mesma área. A ESALQ, a EMBRAPA, estamos fazendo isso.

CURRÍCULO

Nelson Sidnei Massola Junior possui graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade de São Paulo (1991), mestrado em Agronomia (Fitopatologia) pela Universidade de São Paulo (1994), doutorado em Agronomia (Fitopatologia) pela Universidade de São Paulo (1998) e Pós-Doutorado em Fitopatologia pela Technische Universität München, Alemanha (2010). Foi professor de Fitopatologia na Universidade Estadual de Londrina entre 1998 e 2002. Desde 2002, é professor na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo nas áreas de fitopatologia (graduação) e fungos fitopatogênicos (pós-graduação). É assessor de instituições de fomento (CNPq, FAPESP, FAPDF) e assessor ad hoc em diversos periódicos científicos nacionais e internacionais. Desenvolve projetos na área de detecção, caracterização, identificação, variabilidade e ultraestrutura de fungos fitopatogênicos, especialmente do gênero Colletotrichum. Tem experiência nas Microscopias Eletrônicas de Transmissão e Varredura aplicadas ao estudo de fungos. Coordena o grupo “Biologia e patogenicidade de Colletotrichum”

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