A Covid 19 no Brasil e no mundo

Dirceu Gonçalves

 

Rompemos a barreira dos 20 mil mortos pela Covid 19, embora ainda falte esclarecer a questão da notificação de óbitos de outras causas como se fossem causados pela pandemia. Faz-se as contas mais estapafúrdias com o objetivo de pintar o quadro mais grave do que realmente é, na melhor das hipóteses, para levar a população ao recolhimento e a não precisar de vagas hospitalares. A comparação de números absolutos de infecção e morte com os registrados em países com populações diferentes da nossa, é uma farsa. O correto é contar e comparar  por milhão de habitantes. Diz o IBGE que a população brasileira é de 211 milhões. Dividindo o número de mortes pelo da população, concluí-se que até agora aqui pereceram 94 infectados por milhão de habitantes, um número comparável ao da Alemanha de dias atrás, que era de 95. E muito inferior a Portugal 117, Suíça 217, Estados Unidos 263, Irlanda 305, Suécia 361, França 420, Reino Unido 495, Itália 519, Espanha 587 e Bélgica 773. Logo, mesmo não tendo chegado ao pico epidêmico, estamos distantes dos outros países atingidos pelo mal.

Outro paralelo interessante para desfazer a sinistrose – ocasional ou proposital – é lembrar que em 1918, pelos registros disponíveis, morreram 35 mil brasileiros vitimados pela gripe espanhola, a pandemia que matou 50 milhões ao redor do mundo. Naquele ano a população brasileira era de 28,9 milhões de habitantes. Se dividido o numero de mortos pela população da época e multiplicado pela atual, teremos que, para comparar o atual acontecimento com o de 102 anos atrás, precisaríamos estar com mais de 250 mil mortes e não com as 20 mil ocorridas. Vinte mil é muito em se tratando de morte, mas é preciso cuidar da questão com racionalidade.

Felizmente, foi pacífica a reunião do presidente da República com os governadores, semana passada. É o que a população espera daqueles em quem votou para representá-la. Presidente, governadores, prefeitos e seus auxiliares têm de unir esforços para o melhor encaminhamento de providências e ação integrada que cuide de combater os males da saúde, mas não se descuide da economia. É inconveniente correr o risco de levar à morte por fome ou miséria os que conseguiram salvar da doença.

As estatísticas dizem que a maioria dos brasileiros até hoje vitimados pela Covid 19 pereceu em razão de doenças pré-existentes e não por falta de vagas de internação e UTI, embora a disponibilidade desses recursos tenha atingido o nível crítico em alguns pontos do país. Os governantes precisam evitar medidas radicais como interrupções de trânsito, antecipação de feriados e outras restrições de resultados  discutíveis. E, principalmente, não politizar a pandemia. Tenham a dignidade de esperar o seu fim para, então, voltarem à contenda político-eleitoral. O povo merece esse respeito…

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Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da Aspomil (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo); e-mail: [email protected]        

 

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