Alvaro Vargas
Todas as religiões podem nos conduzir a Deus, entretanto, devido ao proselitismo, algumas crenças apresentam-se como sendo o único caminho viável. A existência das diferenças dogmáticas entre elas, gerou várias guerras no passado, destacando-se as Cruzadas ocorridas nos séculos XI a XIII; um embate entre cristãos e muçulmanos. De acordo historiadores, durante o discurso de convocação para a 1ª Cruzada (1095), o papa Urbano II disse que aqueles que lutassem contra os muçulmanos iriam para o Paraíso e teriam todos os seus pecados perdoados, demonstrando uma contradição entre a conduta da igreja e os ensinamentos de Jesus. Igualmente lamentável, foi a inquisição promovida pela Igreja Católica Romana, contra os hereges, torturados e condenados à morte na fogueira, mesmo sendo cristãos que apenas discordavam dos desvios morais da Igreja Católica e desejavam vivenciar a essência da Boa Nova de Jesus (Valdenses, Cátaros etc.). Essa ação atingiu também os judeus e adeptos do Islã, que residiam na Europa; mesmo convertidos ao Catolicismo, não lograram escapar da inquisição. Nesse caso, assim como existiram os mártires do Cristianismo primitivo, que pereceram nos circos romanos, todos aqueles que deram a sua vida por um ideal nobre, cumpriram a sua missão aqui na Terra.
Analisando especificamente as correntes religiosas cristãs, é oportuno que os fiéis questionem a racionalidade dos seus dogmas, decidindo pela doutrina que melhor os atendam na sua profissão de fé. Jesus, durante o seu ministério, estabeleceu que ele é o caminho, a verdade e a vida, e ninguém vai até Deus a não ser através dele (João, 14:6). Felizmente, apesar de suas diferenças, todas as doutrinas cristãs adotaram os mesmos ensinamentos morais contidos na Boa Nova do Mestre Nazareno, colaborando na cristianização da sociedade. Com isso, podemos concluir que, embora exista apena um caminho (direção) para Deus, existem várias estradas (as religiões). Visando melhor decodificar o significado desse “caminho”, orientado por Jesus, o Espírito Joanna de Ângelis (FRANCO, D. P. Seja Feliz Hoje, cap. 27) cita que “para conseguir-se jornadear pela sua estrada, torna-se indispensável conhecê-la, penetrar-lhe os conteúdos, entregar-se lhe em regime de totalidade. Assim sendo, ele enunciou com vigor: todo aquele que desejar vir até mim, tome a sua cruz, renuncie-se a si mesmo. Venha e siga-me”.
Independentemente dos dogmas religiosos, se aspiramos vivenciar o Evangelho de Jesus, devemos seguir a sua orientação, de acordo com o maior mandamento da Lei, ou seja, amar a Deus sobre todas as coisas e o nosso próximo como a nós mesmos (Mateus, 22:36-40). Para a maioria dos cristãos, avessos a raciocínios filosóficos e/ou religiosos, ainda circunscritos a uma fé fanatizada e sem interesse em entender a racionalidade dos seus dogmas religiosos, qualquer doutrina cristã pode atender as suas necessidades. Entretanto, para os aspiram uma fé raciocinada, a doutrina filosófica e moral, de caráter religioso, mais eletiva para o homem na atualidade é o Espiritismo. Não é uma religião institucionalizada, pois, não possui uma organização clerical ou equivalente, não tem dogmas religiosos e nem vestimentas ou liturgias. Todo o trabalho desenvolvido é voluntário. Ao apresentar cientificamente a reencarnação como o processo educativo para a nossa evolução espiritual, no qual temos o livre-arbítrio associado à lei de ação e reação, compreendemos que os dissabores e enfermidades que nos afligem são provocados por nós mesmos, uma “cobrança” dos débitos originados pelas iniquidades praticadas nesta ou em existências pregressas. Com essa compreensão, entendemos que embora exista injustiça na Terra, perante a justiça divina os que sofrem estão resgatando as suas faltas do passado, e os que desrespeitam as leis, assumem compromissos expiatórios, que serão, necessariamente, resgatados nesta ou nas reencarnações futuras.
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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante espírita