Douglas Alberto Ferraz de Campos Filho
Existem alergias cuja incidência é de 0,0001% da população mundial, como alergia a todas as comidas, alergia a água, alergia ao exercício físico, coceira infinita e alergia ao sol (chamada também de “filhas da Lua”).
A esofagite eosinofílica é a alergia a todas as comidas, existem cerca de 750 pessoas portadoras no mundo, não podem comer nada, se comerem sentirão reações imediatas como náuseas, dor no peito e sufocamento. A doença é provocada pelo excesso de glóbulos brancos no esôfago, estes pacientes tem que alimentar-se por sonda nasogástrica para que os alimentos não entrem em contato com o esôfago.
O angioedema induzido pelo exercício, alergia as atividades físicas, apresenta-se em forma de coceira e edema de mucosas, em alguns casos pode ser fatal porque pode causar choque anafilático, o tratamento é antialérgicos durante a vida toda e a causa é desconhecida, existem 300 pessoas no mundo portadores desta rara alergia.
Urticária aquagênica, quer dizer, quando a água é veneno, ou seja, o agente alergênico; com um simples banho a pele fica irritada como se tomasse muito sol, se chorar, as lágrimas queimam o rosto e deixam marcas vermelhas, se transpirar, o suor deixa o corpo inteiro coçando, por vezes a pessoa pode ser tão sensível à água que até para bebê-la irrita a garganta que fica coçando; sua origem é genética e pode associar-se a intolerância à lactose, possivelmente porque ambas as condições envolvem mutações no mesmo grupo de genes, a incidência é de 0,0000005% da população mundial, cerca de 40 pessoas.
O xeroderma pigmentoso, alergia ao sol, existem pouco mais de 1.000 portadores no mundo, são pessoas hipersensíveis ao sol, causando queimaduras graves, ferimentos e câncer de pele. Na França são conhecidas como “filhas da Lua” e tem direito a exigir do governo janelas com proteção ultravioleta; no Brasil em uma vila no estado de Goiás, existem 22 pessoas com a doença, os danos são tão graves que podem desfigurar o rosto destes portadores de xeroderma pigmentoso. Essas pessoas vivem praticamente isoladas, sem brincar ao sol ou fazer qualquer atividade diária.
A síndrome de Alagille, pacientes com coceira infinita, existem cerca de 75 mil pessoas no mundo com a doença, é uma anomalia genética que deixa as pessoas coma testa proeminente, o queixo pequeno, provoca mau funcionamento do fígado, do coração e dos rins, mas o sintoma mais cruel é que o individuo sente desde criança coceira generalizada e intolerável ao ponto de coçar a pele até sangrar e causar ferimentos graves. Esta alergia é causada pelo aumento de bilirrubina no sangue; devido doença nos ductos biliares, a única cura conhecida é o transplante de fígado, estes pacientes podem ter uma expectativa de vida próxima ao normal, mas com alguns desafios, como biopsias, medicações, exames e cirurgias; a incidência é de 0,001% da população mundial.
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Douglas Alberto Ferraz de Campos Filho, médico.