Gregório José
A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas aponta que 71 milhões de brasileiros possuem compras parceladas. O hábito de dividir o valor de uma compra em várias prestações, como apontado no artigo da CNDL, é uma prática comum entre os consumidores brasileiros. No entanto, esse comportamento suscita preocupações relevantes sobre o impacto nas finanças pessoais e na economia em geral.
O fato de que 51% dos consumidores entrevistados tinham prestações de compras pendentes no mês anterior à pesquisa, totalizando 71,1 milhões de consumidores com contas parceladas, indica um cenário de endividamento significativo. Com uma média de 5,6 parcelas de compras no crédito por consumidor, existe o risco de acumulação de dívidas, sobretudo quando se considera a possibilidade de juros.
De acordo com a pesquisa, os tipos de crédito mais utilizados nos últimos 12 meses foram cartão de crédito (78%), empréstimo pessoal (25%), limite de cheque especial (22%), PIX parcelado (22%) e crediário (19%).
Além disso, o uso de várias fontes de crédito, como empréstimos pessoais, limite de cheque especial e PIX parcelado, revela a complexidade das finanças dos consumidores, que podem estar recorrendo a múltiplas linhas de crédito, o que aumenta o risco financeiro.
Nos últimos tempos muito vem se falando sobre “Educação Financeira” como fórmula para que o brasileiro saiba como consumir sem se endividar. A falta deste conhecimento é uma questão relevante, pois os consumidores podem não estar cientes dos custos associados a parcelamentos e da importância de um planejamento financeiro adequado. Essa falta de compreensão pode levar a decisões financeiras inadequadas, contribuindo para o endividamento.
No entanto, é fundamental reconhecer que o parcelamento de compras pode ser uma ferramenta útil quando usado com responsabilidade e dentro do contexto de um planejamento financeiro sólido. A educação financeira é essencial para que os consumidores compreendam os custos associados a essa prática e façam escolhas informadas.
Embora o parcelamento de compras seja uma prática comum, é importante que os consumidores estejam cientes dos riscos de endividamento e busquem alternativas sustentáveis, como o planejamento financeiro e a pesquisa de preços. Além disso, é fundamental que as instituições financeiras e os órgãos reguladores promovam práticas de empréstimos responsáveis e transparentes para proteger os interesses dos consumidores e da economia em geral.
Comprar sim, saber comprar é melhor ainda, mas, comprar desenfreadamente e por impulso é uma prática que precisa ser abominada e desincentivada.
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Gregório José, jornalista, radialista, filósofo