Caio Bruno
Grande aposta da oposição bolsonarista no Congresso Nacional para tumultuar o primeiro ano do 3º. mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) as duas CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) criadas por eles, a do MST (Movimento dos Sem Terra) e a dos atos golpistas do 8 de janeiro chegaram ao fim sem produzir nada de efetivo no campo político e sem desgaste do governo perante à sociedade.
A primeira, criada pela Câmara em maio, foi presidida pelo tenente-coronel Zucco (Republicanos-RS) e teve como relator Ricardo Salles (PL-SP) e se encerrou de forma melancólica em setembro com seu relatório sequer tendo sido votado.
Já a que investigou a tentativa de Golpe de Estado e a invasão dos 3 poderes foi criada por pressão da oposição e contra a vontade do Governo em maio. Integrada por deputados e senadores, chegou ao fim nesta quarta-feira (18/10) com o relatório da senadora Eliziane Gama (PSD-MA) em que ela indicia 61 pessoas entre militares e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O texto, aprovado por 20 a 11, será entregue ao STF e também à PGR para que se tome providências.
Em uma evolução do fenômeno que vemos desde os tempos da televisionada CPI do caso PC Farias (1992), as Comissões Parlamentares de Inquérito têm se tornado cada vez mais midiáticas e espetaculosas. E na era das Redes Sociais, isso se amplifica e muito. Atualmente, os parlamentares se preocupam mais em gerar falas, discursos e atitudes que possam virar destaques em seus perfis, cortes de trechos para disparo no WhatsApp ou, mais à moda antiga, descolar uns minutos no telejornal da noite do que propriamente investigar o fato.
E com as duas CPIs temas deste texto não foi diferente. Um festival de ofensas, preconceitos, gritos e teatro. Tudo no afã de gerar engajamento. Ponto comum entre as duas comissões foi a tentativa de parlamentares oposicionistas de imporem suas versões dos fatos como: a criminalização do MST e a culpa do Governo Lula nos atos de 8 de janeiro.
Não houve o efeito esperado e o resultado final foi mera pregação para convertidos de ambos os lados. As pesquisas de opinião sobre a popularidade de Lula oscilaram de forma pequena e sua gestão não teve nenhuma implicação em votações no Congresso e nem crises de grandes proporções.
CPI, como diz o chavão, se sabe como começa, mas não como termina. As duas que abriram o palco do primeiro ano da nova gestão petista não resultaram em perdas e ganhos politicamente significativos para ninguém. Tudo continuou como antes. Bom para o Governo que jogava pelo empate.
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Caio Bruno é jornalista e especialista em Marketing Político; e-mail: [email protected]