Caldeirão de Piracicaba

RETAGUARDA
Interessante a ‘estratégia’ do prefeito Barjas Negri (PSDB) numa reunião on-line com o ministro da Saúde, que é um militar. Na entrada, desejou sorte ao ministro e, ao finalizar, usou a palavra que os militares gostam: “… e, muitas vezes, nós não temos o credenciamento dos leitos de retaguarda, de enfermagem e de UTI.” Se foi intencional ou não, não cabe analisar, mas que Barjas acertou o diálogo é vero.

 

BRASIS – I
Sempre se comenta sobre os “brasis” que existem no Brasil. No começo do Século XX, o sempre citado Euclides da Cunha fez a comparação civilizatória entre o Litoral e o Sertão, e só lhe faltou dizer que, no Litoral, estava o Brasil oficial. E, no Sertão, o Brasil não-oficial. É a história da Campanha de Canudos, o absurdo que o Exército Brasileiro nem a Justiça se desculparam até hoje (e Prudente de Morais, presidente na época, ficou com a culpa).

 

BRASIS – II
Dos juízes de direito que passaram ou que estão na Comarca de Piracicaba, há um destaque especial a Wander Pereira Rossette Junior – atualmente titular da 1ª Vara da Fazenda Pública – sem demérito aos outros magistrados estaduais e federais -, pela dedicação, competência, grandeza de alma. Na decisão sobre abertura do comércio, cujo mérito não cabe a este Capiau, o Dr. Wander, como é carinhosamente chamado, há um parágrafo que leva à atenção deste idoso e chato Capiau.

 

BRASIS – III
Escreveu, lá, o magistrado Wander Pereira Rossete Junior: “Por outro lado, os Governos Estaduais e Municipais têm atuado de modo a manter diversas atividades que lhe são convenientes, o que quebra a isonomia entre os envolvidos e gera extrema preocupação na própria manutenção do Estado, visto que há risco iminente na escassez de arrecadação”. Eis, aí, um dos brasis, o da arrecadação. Esse é o oficial.

 

BRASIS – IV
A crise está séria e o risco real – que este Capiau esteja errado! – vai aprofundar tanto que os brasis que mantém o Brasil oficial (mais ou menos os 35% para os quais nada mudou com a pandemia, segundo uma pesquisa) podem cair no desânimo, acompanhando os que já caíram, e não haverá arrecadação, passando o limite da “escassez” a que se refere, com lógica, o Dr. Wander.

 

BRASIS – V
Em tempos de pandemia, como lição da natureza, já é tarde para que os políticos com mandato façam uma reforma concreta: a política. Esta, sim, poderia colocar o Litoral e o Sertão nos seus devidos lugares, sem culpar este ou aquele presidente, após um consenso entre todos eles, políticos com mandato. Como não há essa possibilidade, só uma constituinte para a reforma política vai resolver, desde que os seus membros jamas possam ser candidatos para o Congresso ordinário. É sonho deste Capiau.

 

RECESSO
O deputado estadual Tenente Coimbra solicitou, por meio de um Projeto de Decreto Legislativo, a suspensão do recesso parlamentar entre os dias 1º e 31 de julho. O documento foi protocolado terça (19), na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Objetivo é atender às necessidades em tempo de pandemia, mas esta ação pouco vai ajudar, apesar da boa intenção do nobre parlamentar.

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