Bebel diz que foi a pressão popular que fez o Governo adiar data do Enem

Bebel defende os 87% dos alunos brasileiros que estudam em escolas públicas não têm as mesmas condições dos que estudam nas particulares – Crédito: Divulgação

A presidenta da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), a deputada estadual Professora Bebel (PT) diz que foi a pressão popular que levou o Ministério da Educação e Cultura (MEC) a adiar a realização do Enem. “Sem dúvida foi a imensa pressão da sociedade, incluindo a Apeoesp, a UNE (União Nacional dos Estudantes), a UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e as bancadas federal e estaduais de deputados progressistas, que forçou o MEC e o INEP a adiarem o Enem. Mas se engana quem pensa que os problemas acabaram”, diz.
Bebel argumenta que o comunicado oficial fala “de 30 a 60” dias de adiamento do Enem, o que é insuficiente para garantir uma paridade na disputa entre os estudantes de escolas pública e particulares. “Como sociedade, precisamos discutir já o comunicado e a melhor forma de garantir o futuro dos nossos estudantes neste momento de pandemia”, diz.
No manifesto pelo adiamento do Enem, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), à qual a Apeoesp é filiada, juntamente com dezenas de outras entidades nacionais e estaduais foi enfatizado que “estes jovens e adultos são obrigados a ir à luta todos os dias, muitos dos quais em espaços precários de trabalho, mesmo durante a situação atual. Estar fisicamente na escola e contar com a presença de professores, na exígua carga horária de 800 horas-anuais, é o mínimo que o país tem que oferecer aos jovens e adultos brasileiros antes de submeterem-se ao maior exame público e nacional que demarca o futuro de milhões de brasileiros”.
A preocupação da deputada Bebel, que é presidenta da Comissão de Educação e Cultura da Assembleia Legislativa de São Paulo, é de que diante de uma situação de pandemia, na qual os jovens não estão tendo acesso ao processo ensino-aprendizagem, vai prejudicar os mais pobres, moradores das periferias, na maioria negros e sem condições de acompanhar o ensino a distância que vem sendo oferecido. “Quanto ao ensino a distância, embora não seja adequado de forma alguma para a educação básica, é incomparável a forma pela qual escolas particulares, que cobram altas mensalidades para atender os jovens filhos das parcelas mais abastadas da população, vem oferecendo conteúdos a seus alunos, com a verdadeira farsa do ensino a distância imposto, por exemplo, pelo Secretário da Educação no Estado de São Paulo”, diz.
Aliás, a Professora Bebel argumenta que esta é a realidade não apenas de São Paulo, mas de todo o Brasil. “Se em condições normais de ensino presencial as desigualdades na educação brasileira são imensas, mesmo no interior da escola pública, neste momento elas crescem e se aprofundam ainda mais. O desprezo pelos estudantes mais pobres é tão evidente que os supostos estudantes aparecem em cena como notebooks e aparelhos celulares aos quais milhões de jovens brasileiros não tem acesso”, argumenta.
A deputada diz que o argumento de estudar de qualquer jeito pela internet, como diz o Ministro da Educação, só pode ser uma frase que parte de alguém que realmente desconhece a realidade brasileira. “Nas favelas e comunidades brasileiras o acesso ao sinal de banda larga é precário ou não existe. Além disso, o custo dos provedores é inviável para grande parte das famílias dos estudantes das escolas públicas. Assim, é preciso considerar que 87,5% dos estudantes do ensino médio no Brasil frequentam escolas públicas e, portanto, a nova data só deverá ser definida a partir do momento em que for superada a fase crítica da pandemia do coronavírus que estamos enfrentando”, defende.

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