Quem me acompanha, sabe o quanto eu gosto de boas notícias! Isso não significa, é claro, que eu ignoro a realidade. Muito pelo contrário. É impossível ignorar a realidade, sobretudo para quem está diariamente nas ruas, tendo contatos com pessoas em situação de vulnerabilidade social, muitas vezes que estão doentes e sem qualquer amparo da família. Eu diria até, eu vivo próximo de uma realidade é realmente dura.
Por isso, mesmo, não deixo de celebrar as boas notícias. E, como tenho esse espaço semanal, eu quero trazer essa informação a quem me acompanha nesta coluna: os Estados Unidos começaram a realizar testes de uma nova vacina contra o HIV em seres humanos! A notícia que eu li – e comemorei! — está no site Metrópoles, publicada no último dia 20 de setembro, e foi escrita pelo jornalista Bruno Bucis.
Antes de iniciar a transcrição da notícia, deixo o link para quem tiver interesse em confererir as informações: https://www.metropoles.com/saude/testes-em-humanos-vacina-hiv.
Conforme a reportagem, a nova vacina contra o vírus de imunodeficiência humana, o HIV, começou a ser testada no último dia 20 nos Estados Unidos e na África do Sul, e é resultado de pesquisas realizadas desde 2004. A nova vacina, chamada VIR-1388, será avaliada em fase 1, etapa na qual é testada em um pequeno público de pessoas para ponderar as chances de efeitos colaterais graves.
Na matéria, o jornalista detalha que a VIR-1388 usa um outro vírus, o citomegalovírus (CMV), para encapsular materiais fragmentados do vírus HIV. Ou seja, a vacina não contém o vírus inteiro, apenas partes de sua estrutura para ensinar o corpo a combatê-lo.
Segundo o Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas (NIAID) dos EUA, que chefia o estudo, o corpo humano já tem imunidade “há séculos” contra o CMV, que será uma espécie de veículo para entregar as partes do HIV no caso dessa vacina. Os testes serão feitos com cerca de 100 pessoas divididas em três grupos. Dois deles receberão doses diferentes do imunizante, enquanto um receberá placebo para avaliar a eficácia.
Os resultados iniciais são esperados para o final de 2024, mas os voluntários serão acompanhados por três anos. Caso tenha resultados positivos, a vacina ainda precisará passar por outras duas fases de testes antes de ser disponibilizada ao público.
O início dos testes da VIR-1388 oferece uma nova esperança para o combate a essa epidemia mundial que é o HIV. Em janeiro deste ano, a vacina que era então a mais promissora contra o HIV, fabricada pela Johnson & Johnson, acabou sendo descontinuada após apresentar resultados ineficazes. O único imunizante que segue em testes e pode sair nos próximos anos é a PrEPVacc, um conjunto de injeções contra o vírus que deve ser combinado com um tratamento medicamentoso e está em testes no sul da África.
Mas é sempre importante que, apesar das boas notícias – e de toda a esperança renovada – não podemos deixar, nunca, de dizer o que é óbvio (mas ainda muito eficaz): a melhor maneira de evitar a contaminação pelo HIV é o uso de preservativos, o sexo com responsabilidade e segurança; assim como todos os cuidados no uso de qualquer equipamento médico, sobretudo seringas. O HIV é ainda uma epidemia mundial e requer todos os cuidados possíveis.
O início dos testes de uma vacina é uma esperança. Que anima, é verdade, mas que também revela o quanto é importante ainda a prevenção ao HIV.
Paulo Soares, presidente do Caphiv (Centro de Apoio ao HIV/Aids, Sífilis e Hepatites Virais).