A pessoa com deficiência e as barreiras atitudinais

 

Wander Vianna Santos

 

Para começar a falar sobre a luta da pessoa com deficiência é importante lembrar que o dia 21 de setembro marca o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, instituído em 1982 por movimentos sociais que lutavam pelos direitos das pessoas com deficiência. Sua efetivação apenas em 2005, com a promulgação da Lei Federal nº 11.133 teve como objetivo alertar sobre a necessidade de políticas públicas efetivas para a promoção de inclusão e igualdade de direitos das pessoas com deficiência na sociedade.

Com isso, surge o “Setembro Verde” visando, a partir de ações realizadas durante todo o mês, conscientizar a sociedade sobre os direitos das pessoas com deficiência e, principalmente, mostrar a todos que as políticas públicas para essas pessoas não são de responsabilidade somente do poder público, mas também da sociedade que deve atuar de forma a validar essas políticas, denunciando abusos contra as pessoas com deficiência, gerando oportunidades de participação e inclusão e desobstruindo barreiras que as impedem de interagir em igualdade de condições com outras pessoas.

As deficiências não causam as desigualdades, mas as barreiras sociais que impedem a fruição dos direitos, sendo desta forma, necessário a desobstrução das barreiras para que haja a igualdade de condições. Dentre as diversas barreiras restritivas da participação das pessoas com deficiência, as barreiras atitudinais são as mais preocupantes e resultam diretamente no preconceito capacitista contra as pessoas com deficiência.

O capacitismo significa o preconceito e a discriminação contra as pessoas com deficiência, quando há o julgamento de suas capacidades em virtude de suas deficiências. Não devemos ter atitudes que diminuem, infantilizam, desvalorizam e pré-julgam as pessoas com deficiência. Uma pessoa com deficiência não é coitada, não é “super” por causa de suas superações. Ela é capaz de se comunicar normalmente com outras pessoas e realizar as mesmas coisas que outras pessoas, dentro de suas limitações e possibilidades ofertadas.

Infelizmente, a sociedade é, em geral, preconceituosa e capacitista, mas na maioria das vezes isso acontece por falta de informação. Quem nunca, ao atender ou encontrar com uma pessoa com deficiência acompanhada, se dirigiu ao acompanhante? Ora, quem melhor sabe sobre suas necessidades do que a própria pessoa com deficiência? Então, devemos sempre nos dirigir diretamente à pessoa com deficiência e perguntar o que ela precisa, do que necessita, qual o melhor jeito de ajudá-la. Uma pessoa com deficiência é um ser humano como qualquer outro, com suas tristezas e alegrias, com seus dias bons e ruins, com seus defeitos e qualidades, ou seja, a deficiência não torna ninguém melhor que o outro, não torna a pessoa especial, enfim, não é a deficiência que define a pessoa.

Não deveria ser necessário haver apenas um dia para que as pessoas com deficiência saiam às ruas para reivindicarem seus direitos, mas todos os dias deveríamos ser empáticos e nos colocar no lugar do outro, não utilizando a vaga reservada, ou burlando o atendimento preferencial, pois esses são direitos adquiridos e não privilégios, direitos esses que como dito até aqui, equiparam os meios para que todos convivam em igualdade.

Finalmente, as pessoas com deficiência, independente de suas deficiências, são primeiramente pessoas, com iguais direitos e deveres, que merecem e podem estar em todos os lugares da sociedade que quiserem estar, sem preconceitos, discriminações, mas sim com empatia, acessibilidade e inclusão.

Apesar de já adquirirmos conquistas, ainda há muito que se lutar!

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Wander Vianna Santos é membro do Comdef

 

 

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