Walter Naime
A onda passa – “Chuá-á-á”! Como uma onda no mar… como uma onda no mar, jogando você daqui para lá e de lá para cá.
A fome passa – Enquanto houver comida, mesmo que para isso seja com um doce chamado “mata fome”, da fábrica de doces Martini.
A sede passa – Enquanto houver água para beber, e seja potável reforçando a certeza de não nos fazer mal.
O trem passa. Piuíí – piuíí! Enquanto isso, você que está sentado ao lado da janelinha do vagão apreciava as paisagens, os campos, os animais, as flores nos caminhos que a vida percorre. Piuíí – piuíí!
O ônibus passa – Enquanto houver passageiros.
O ferro passa. Xi-i-i-i! Queimou porque foi esquecido ligado. O ferro frio exige muito fogo para mudar de forma. Einstein disse que é mais fácil quebrar um átomo do que mudar um costume. Não vou tentar.
A alegria passa – Quá-quá-quá! Que na linguagem moderna da comunicação se escreve k-k-k, que continua alegre.
Quá-quá-quá”. O resto não tem graça.
A lembrança passa. Esqueci, esqueci. Estou tomando remédio para lembrar, mas o que você me perguntou mesmo???
A dor não passa. Ai, ai, ai! Que chato que é esperar que hoje eu estaria melhor. E que a velocidade da natureza para se recompor é lenta, diferente da velocidade da nossa vontade. Ai, ai, ai!.
A uva passa. Que “doçura doce” mais do que a da uva normal provoca tosse que não passa.
O exemplo passa. O quê-ê-ê?!! Porém é mais resistente ao esquecimento.
O rio passa. Desviando dos obstáculos, movidos pela força da gravidade a correnteza flui se equilibrando ao chegar ao mar que absorve toda a potência do mesmo num gesto de obter a paz do movimento.
A memória passa. Não me lembro mais e ainda não estou com a doença que o “gigante” Alzheimer, com grande mérito descobriu. Às vezes esquecer é uma bênção, com raras exceções, pois as lembranças que machucam não têm utilidade para a dor.
A chuva passa. O vento levou! Ele carrega tudo mas ficou na história do cinema. O vento levou e o vento trouxe de volta os muitos momentos para alegrar os nossos dias.
A covid passa. Será? Será? Será? Suas sequelas para os que ficaram, permanecem e ouvi dizer que está sendo substituída por coisa pior, como acontece na política que dizem a mesma coisa. Será? Será? Será?
O bom barqueiro passa. Porque tem licença para passar tendo mulher e filhos que precisa sustentar. É um cântico infantil que você pode cantar comigo. Passa, passa, bom barqueiro; licença para passar!
A vida passa. Vapt-vupt disse o Chico Anysio. Nem percebi. Fui!!! Porque não adianta esperar o que já passou.
A ambulância passa. Enquanto houver sirene, pois quando não, com o trânsito congestionado, entrará nos engarrafamentos que acontecem a toda hora, não tendo mais o recurso de abrir alas.
O passado passou. Nem vi, mas procurei entender.
A morte encerra. Enterra e pronto! Se você não estiver satisfeito reclame para o coveiro.
A história fica. Não sei quanto mais! Se por acaso você puder calcular eu dispenso meu computador.
A esperança brota. Sempre, sempre, sempre!
Mas antes de tudo isso viva a vida!!!
Nada do que foi será!!! Aguardando um novo por vir. Nada do que foi será!!!
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Walter Naime, arquiteto-urbanista, empresário.