Turismo, a indústria sem chaminé

Alex de Madureira

 

Desde a juventude, vivida em Artemis até aqui, ouço aqui e ali que Piracicaba é uma cidade com vocação turística. Especialmente agora, na Região Metropolitana, o município tem a chance de ampliar suas atividades turísticas culturais, esportivas, gastronômicas e de negócios.

Da nossa velha ponte de ferro, no meu bairro de origem, passando pelos vários recantos do nosso rio famoso, o salto, o mini pantanal de Tanquã, Esalq, Engenho Central, Monte Alegre, em como os momentos de jogos do XV no Barão de Serra Negra, o carnaval de rua, os passeios na Rua do Porto e as festividades, entre elas a Festa do Divino e outras tradições, Piracicaba abriga um conjunto de atividades que lhe dão perfil para atrair muitos turistas.

A promulgação da Lei 17740, de 4 de setembro deste ano, foi um esforço dos vários partidos com assento na nossa Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), com o aval importante e decisivo do nosso Governador Tarcísio de Freitas e, do ponto de vista técnico, do Departamento de Desenvolvimento das Estâncias, que transformou Piracicaba em Município de Interesse Turístico (MIT) dentre as cidades paulistas. Isso abrirá portas e recursos do governo estadual, em um primeiro momento e, creio, do governo federal mais adiante, para que novos projetos possam ser implementados em prol do fortalecimento do que chamei no título de “indústria sem chaminé”.

Dos engenhos de açúcar, das antigas plantações de café e cana, estamos agora caminhando para um tipo de indústria que, com seus bares, restaurantes, cafés, startups, hotéis e similares, passa por uma necessária renovação do conceito de “turismo”.

O turismo, como filho incompreendido, tem passado através das várias gerações administrativas recentes de Piracicaba, como hospede de ocasião. Ora sob a designação de departamento da prefeitura (e com ele estava a cultura), depois como secretaria, como coordenação, como agregado a Secretaria de Cultura e, mais recentemente, nesta gestão, incluso na Semdettur (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo).

O que percebemos é que, mesmo com um grande potencial e várias conquistas que foram realizadas ao longo do temo, nestes anos recentes, o protagonismo do turismo sempre foi secundário. Agora, com a nova Lei, cabe a este governo municipal, ou ao próximo, a transformação do turismo numa secretaria de fato, com funcionários concursados e capacitados para esse fim.

O desenvolvimento do turismo em Piracicaba depende do estabelecimento de diálogo com os stakeholders (partes interessadas) da área, construção de políticas públicas que atendam o setor de forma mais qualificada e não apenas simbólica. É preciso criar uma nova geração de servidores públicos com perfil para esse tema, ter um departamento de projetos capaz de atrair turistas para a cidade, sejam da região ou de outras localidades do país.

Outras estratégias interessantes são: ampliar os horizontes para convênios com empresas de transportes, para trazerem pessoas para cá, nas nossas ocasiões especiais e também em outros dias; e incrementar a programação artística e cultural na Rua do Porto. Enfim, há muito a fazer e construir com especialistas na área, poder público e setor privado.

Desde a criação do Parque do Mirante, pelo ex-prefeito Salgot Castillon; passando pelo Parque da rua do Porto, criado na gestão de João Herrmann; ao convênio com a Petrobrás, nos tempos do prefeito José Machado, para o calçamento padronizado da Rua do Porto; várias ações ajudaram a consolidar um espaço nobre e histórico de nossa cidade. A estes, devemos somar os esforços de empresários em prol da revitalização do bairro Monte Alegre. Todas essas estão entre outras ações que mudaram a percepção do turismo em Piracicaba, de maneira mais ousada e com bons resultados para o setor.

Que a nova lei conquistada junto ao Governo do Estado sensibilize os gestores atuais e futuros de Piracicaba para que o turismo deixe de ser um apêndice e transforme-se em órgão vital da estrutura administrativa, política e econômica de nossa cidade. São os meus mais sinceros desejos.

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Alex de Madureira, deputado estadual PL e corregedor da Alesp

 

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